Pela quarta vez este ano, o metrô teve uma pane. Em duas horas, pelo menos 125 mil pessoas ficaram sem condução. Às 6h47 de ontem, um trem da Linha Azul que seguia para o Jabaquara parou no túnel, entre as Estações Paraíso e Ana Rosa. O calor e o aperto nos vagões parados fizeram passageiros passar mal. Muitos deles tiveram de sair pelo corredor de serviço ao lado da via.
Uma multidão se formou nas plataformas das Linhas Azul e Verde. Quando lá em baixo já não cabia mais ninguém, centenas de pessoas se aglomeraram do lado de fora da catraca. No alto-falante, um aviso: “Os trens estão circulando com velocidade reduzida.” No grito dos funcionários, outro: “Não há operação no sentido Jabaquara.”
Oficialmente, o caos terminou às 8h45, quando o trem em pane foi removido. Mas às 10 horas os usuários ainda sentiam os efeitos da falha.
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O Metrô informou que o problema ocorreu no sistema de tração do trem. A reportagem apurou que a falha foi causada pela quebra do engate entre dois vagões. Com isso, a carga de 750 volts captada do “terceiro trilho” da via (cabo de eletricidade) não circulou na composição e os motores ficaram sem alimentação.
“Em alguns horários, estamos operando no limite da capacidade”, admitiu o diretor de Operações do Metrô, Conrado Grava de Souza. Embora ele negue problemas na manutenção, técnicos afirmam que o aumento da demanda tem dificultado o trabalho de prevenção de falhas.
Passageiros andaram 15 minutos em corredor – Usuários de uma das composições afetadas pela pane de ontem no metrô passaram por momentos caóticos, perto da Estação Paraíso. “Fomos em fila indiana, num corredor, segurando pelo corrimão. Levou uns 15 minutos, porque só dava para passar um de cada vez”, disse o jornalista José Roberto de Ponte, de 26 anos.
O defeito aconteceu quando Ponte se preparava para descer. Como sabia que a Estação Paraíso estava a poucos metros, Ponte se levantou e andou em direção à porta. No mesmo instante, o trem parou. A ventilação continuou funcionando. “Achei que fosse voltar em poucos minutos. O Metrô costuma resolver rápido.”
Uma senhora começou a falar em quebrar o vidro. Outra desmaiou. As pessoas abriram espaço, um funcionário do Metrô chegou para ampará-la, mas não havia como tirá-la. Depois de 20 minutos parados, o condutor avisou: “O reparo está previsto para terminar em cinco minutos.” E, por mais 20, os passageiros tiveram de esperar. Quando começou a ficar abafado, os funcionários do Metrô chegaram, as portas foram abertas, e todos começaram a sair por uma passagem estreita, a 50 metros da plataforma.
No momento da pane, a doméstica Marta da Conceição, de 36 anos, estava com a filha de 9 meses num trem entre as Estações São Bento e Sé. Ficou 45 minutos dentro do vagão. “Fiquei nervosa por causa da minha filha”, disse. “Ela começou a suar, ficou vermelha, inquieta.” Perto de Marta, uma mulher desmaiou. “Começaram a gritar, diziam que era para quebrar o vidro, mas alguém pegou a machadinha de emergência e conseguiu abrir a porta.” Em seguida, um funcionário do Metrô chegou e levou a passageira para a plataforma. Marta previa entrar no trabalho às 7h30, mas chegou às 10 horas.
Na Estação Ana Rosa, a espera ultrapassou uma hora. Em média, no horário de pico, não passa de dois minutos. A copeira Flaviane Sampaio, de 21, alimentou por 55 minutos a esperança de que “daqui a pouco” embarcaria para a Estação Jabaquara. Desistiu e foi para outra fila, a do telefone. Muitos resolveram avisar que chegariam atrasados. Outros foram para pontos de ônibus ou táxi, não sem antes parar na SSO para reclamar aos funcionários da falta de informação.
Demanda dificulta manutenção preventiva, alerta especialista – O crescimento do número de passageiros, provocado pelo bilhete único, é só um dos aspectos por trás das recorrentes falhas técnicas registradas pelo metrô – foram seis nos últimos 36 dias. Para especialistas, o volume insufici
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