A Vale está se preparando para tentar a fazer a maior aquisição de sua história. A mineradora estuda apresentar uma proposta pela anglo-suíça Xstrata, sexta maior mineradora do mundo. A proposta seria de cerca de US$ 90 bilhões, mas ainda está cercada de dúvidas.
Segundo fontes próximas à Vale, a empresa estaria terminando de formar um consórcio de bancos para financiar a compra – estariam envolvidos Merrill Lynch, Lehman Brothers, HSBC, Credit Suisse, Citigroup e Santander, entre outros. Na sexta-feira, as ações da Xstrata tiveram alta de 8,58% por causa de especulações sobre propostas de compra.
Ontem, dois jornais britânicos noticiaram que a Vale está prestes a fazer uma oferta pela mineradora. Segundo o Sunday Times, a Vale está fazendo uma auditoria nas contas da Xstrata para fazer sua proposta.
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Já o The Observer diz que a Xstrata desperta o interesse não só da Vale, como também da britânica Anglo American – que acaba de comprar parte da mineradora brasileira MMX por US$ 5,5 bilhões. As ofertas pela Xstrata, diz o jornal, só sairão se o preço das ações das mineradoras se estabilizarem nos próximos dias no mercado internacional.
Mas, mesmo em meio ao nervosismo de mercado, os investidores têm apostado na realização oferta. A alta das ações de 8,58% da Xstrata ocorreu em uma semana em que ações de diversas outras mineradoras apresentaram queda, já que os investidores estavam preocupados com a perspectiva de uma freada econômica nos EUA que poderia inibir a demanda por minerais.
A Xstrata admitiu estar conversando com mineradoras, mas disse que não recebeu nenhuma proposta oficial. Caso isso tivesse ocorrido, o presidente da empresa, Mike Davies, teria de fazer um anúncio para o mercado.
O Observer afirmou que Davies está considerando que esse é um bom momento para vender a Xstrata por acreditar que os preços dos metais – que caíram recentemente – não devem recuperar os valores de 2007 por, pelo menos, um ano caso os EUA entrem em recessão. Isso mesmo após a seqüência recente de aquisições da Xstrata, incluindo a Cerrejon Coal, a Tintaya Copper e a Falconbridge.
Fontes ligadas ao negócio disseram ao Estado que a Vale está negociando com a Glencore (maior acionista da Xstrata) a aceitar um pacote de ações preferenciais como pagamento. A Vale quer oferecer o máximo possível em ações e o mínimo em dinheiro para não perder a nota de grau de investimento dada pelas agências de classificação de risco.
Se a dívida em dinheiro fosse muito grande, o mercado poderia avaliar que as finanças da empresa não estariam tão sólidas e ela poderia perder o grau de investimento. Sem ele, seria impossível levantar o valor necessário para fazer a oferta.
Expansão – Se for confirmada a aquisição, a Vale pode expandir sua atuação para outros minérios,nos quais a Xstrata tem grande participação: cobre, carvão, ferro-cromo, vanádio e zinco. O valor de mercado da Vale – que hoje é de US$ 160 bilhões – superaria US$ 220 bilhões.
Para isso, no entanto, a Vale teria de concordar com os riscos da operação, que envolveria cinco vezes o valor de sua maior aquisição: a canadense Inco, comprada em 2006 por US$ 17 bilhões. Hoje, a Vale é a segunda maior mineradora do mundo, atrás da anglo-australiana BHP Billiton, avaliada em mais de US$ 200 bilhões.
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