O presidente da Comissão de Transportes da Câmara Municipal de Salvador, vereador Jorge Jambeiro (PSDB), afirmou ontem que é “impossível” os trens do metrô estarem sobre os trilhos até o final de dezembro, contrariando o que assegurou o prefeito João Henrique (PMDB) e o ministro das Cidades, Márcio Fortes, que esteve na capital baiana na semana passada para anunciar investimentos para as obras. “Infelizmente, tenho que afirmar que o metrô em Salvador é uma falácia. Uma verdadeira peça de ficção. Portanto, asseguro que o prefeito não está falando a verdade. Está enganando o povo, porque não se vê qualquer mobilização da administração pública nesse sentido”.
Segundo o vereador, diferente do que diz a administração municipal – que operários estão concentrados em três frentes de trabalho – “o projeto está completamente paralisado, sem condições sequer de concluírem o primeiro trecho dos trabalhos, entre a Estação da Lapa e o Acesso Norte, devido ao total descontrole no cumprimento do cronograma físico e financeiro da obra”. De acordo com Jambeiro, o imobilismo dos governos federal e municipal contribuiu para isso.
De forma criteriosa, ele citou seis fatores que “inviabilizam por completo” a entrega da primeira etapa – Lapa/Acesso Norte – em dezembro, para os testes operacionais. “A paralisação das obras no início de dezembro do ano passado sacrificou dois meses de trabalho e até hoje elas ainda não foram normalizadas. Aliás, os atrasos provocados pelas inúmeras interrupções das obras certamente levaram a prejuízos incalculáveis não só no quesito tempo, mas, principalmente, ao erário”.
O vereador afirmou que, além das estações de Brotas e da Lapa, que precisam ter suas obras concluídas, a estação do Bonocô, ainda não foi iniciada. “Para se ter uma idéia, a previsão de tempo para a construção de uma estação com as características da Bonocô, gira em torno de um ano e dois meses. Portanto, mesmo que as obras sejam iniciadas imediatamente, teríamos apenas dez meses para a sua conclusão, o que é quase impossível”. Além do atraso nas obras físicas, o vereador afirmou que “nunca ouviu-se falar de licitações” para aquisição de escadas rolantes, elevadores ou catracas eletrônicas das estações. “Até o momento, não ouvimos nada sobre a logística de funcionamento. Precisamos saber como vai se deslocar o usuário nas estações do metrô”, disse.
Preço de tarifa ainda sem discussão
Outro agravante, segundo o vereador Jorge Jambeiro (PSDB), é que nem a Câmara nem a sociedade têm conhecimento sobre a planilha de custos do sistema, e, por conseqüência, não se sabe qual será a tarifa cobrada. “O fato é que, de acordo com o projeto original (Lapa a Pirajá), a previsão era de uma demanda diária de aproximadamente 200 mil passageiros. Com a redução de sua extensão, de 12,5km para apenas seis, reduzido para o trecho Lapa/Acesso Norte, essa estimativa diária caiu para pouco mais de 60 mil. Nós, da Comissão de Transporte queremos saber quem vai subsidiar o sistema. Qual vai ser a tarifa do metrô?”.
O vereador disse ainda que a prefeitura ainda não sabe quem vai operar o sistema metroviário: se a própria administração pública ou uma empresa concessionária. Para ele, essa é uma questão importante que precisa ser definida com antecedência e discutida de forma democrática. Jambeiro afirmou também que até o momento não foram apresentados os estudos que demonstram a forma como se dará a integração operacional e tarifária entre o ônibus e o metrô, nem os procedimentos administrativos para o controle da operação, informações aos usuários e outras providências que demandam muito tempo.
O presidente da Comissão de Transportes ressaltou que não existe, sequer, uma legislação apropriada para regulamentar o setor. “Torna-se necessário constituir previamente as premissas político-institucionais e técnico-gerenciais para que se viabilize a implantação.
Secretário garante fim das obras dentro do prazo
Seja o primeiro a comentar