Ao que parece, o Brasil teria selado um dos seus deprimentes atestados de incapacidade administrativa, como caolho em visão do futuro, ao desativar o sistema de transporte ferroviário, subestimando o exemplo secular dos demais países do primeiro mundo, nos seus programas de transporte sobre trilhos, sem fronteiras, abrangendo o desenvolvimento econômico e social dos continentes. Ainda mais, o País acatou na sua incoerência de barnabé de terceiro mundo, os prejuízos bilionários do sucateamento e abandono do farto material de vagões, locomotivas, gares e uma incalculável quilometragem em trilhos e estradas fixas, desrespeitando a imensa clientela de passageiros que se beneficiavam de transporte barato e um dos mais seguros da face da terra.
Aderindo ao sistema rodoviário como país de robustez continental, encalhou numa malha de estradas asfaltadas sem a devida consistência dos padrões técnicos exigidos, sem conservação, responsável por milhões de acidentes e milhares de perdas de vidas e danos materiais. Os caminhoneiros vivem a clamar pela imprensa, enquanto o Brasil sagra-se campeão mundial de acidentes rodoviários.
Sobressai, entretanto, o Cariri, trinta anos exigindo o retorno dos trens e agora, com esforços dos prefeitos municipais e apoio do governo do Estado, pronto a inaugurar em julho próximo, um percurso inicial entre Crato e Juazeiro do Norte. As modernas locomotivas e vagões foram fabricados em oficinas de Barbalha, com capacidade para 300 passageiros em cada viagem.
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Admite-se, posteriormente, o trem do Cariri atingir até Fortaleza, quando voltaríamos a escutar o apito romântico da locomotiva cantando saudades aos que iam e ansiedade aos que chegavam, com lencinhos brancos de namorados acenando em troca de lágrimas de ternura em rostos de felicidade.
As estações voltariam a ser a sala de visita das cidades, sempre alegres e barulhentas, tecendo integração social e oferecendo ao povo transporte seguro e barato.
Geraldo Menezes Barbosa é jornalista e escritor.
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