Diante de uma construção que já se arrasta há oito anos, os baianos não fazem outra pergunta quando o assunto é o metrô de Salvador: quando ele vai funcionar? Promessas já não convencem mais a população. A obra, que teve início em janeiro de 2000, deveria ter sido concluída em 2003, e hoje, cinco anos depois e com um percurso reduzido – de 13km para 12km (divididos em dois trechos de 6km) –, ainda não há uma previsão de quando será totalmente finalizada. A única certeza que existe é a dos prejuízos gerados por esse atraso. Segundo o secretário municipal de Transportes, Pedro Dantas, a obra, que inicialmente foi orçada em US$307 milhões – o equivalente a R$521,9 milhões –, já chega a R$1 bilhão, ou seja, uma majoração de 91,6%.
Fazendo uma metáfora e não levando em consideração as inúmeras paralisações, se a construção já dura oito anos e três meses (cerca de três mil dias), isso significa dizer que a obra do metrô de Salvador, pelo menos a do primeiro trecho, anda a, em média, 1,80 metro por dia, uma vez que, dos seis quilômetros do primeiro tramo, apenas 5,4 mil metros foram construídos até agora, ou seja, 90% do total. “Isso é uma piada. Acho que vou morrer e não vou ver este metrô funcionando”, reclama a aposentada Geórgia Dias Camargo ao saber dessa informação. Já o administrador Adelson Figueiredo está mais confiante. “Prefiro acreditar que o primeiro trecho esteja funcionando daqui a um ano. Afinal, estou contando com ele para economizar na gasolina”, brinca o administrador.
De acordo com o secretário Pedro Dantas – que amanhã troca a secretaria de Transporte pela de Governo –, nos últimos anos, o cronograma elaborado pela Companhia de Transporte de Salvador (CTS) e executado pelo consórcio Metrosal (que engloba as empresas Siemens, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez) enfrentou alguns problemas, atrasando a conclusão das obras. Dentre elas, ele destaca as paralisações provocadas por suspensão de repasses de verbas do governo federal. “Com isso, o maior dano é o retardamento da mobilidade urbana, que, com o metrô em atividade, deverá desafogar o trânsito de Salvador. Afinal, acreditamos que o novo transporte diminuirá o número de carros e ônibus circulando nas ruas. Além disso, existem os prejuízos econômicos. Hoje, a fatura mensal do metrô tem um reajuste de 100%, valor que o governo federal terá que pagar”, confessa.
Custo – Para um especialista do setor, que preferiu não se identificar, cada viga que deixa de ser colocada conforme programado significa dinheiro perdido e, conseqüentemente, aumento no custo final da obra. Além desses empecilhos financeiros, outro fator levantado por ele, que também contribuiu para o “peso” no orçamento, foi a divisão do projeto inicial em dois trechos de 6km cada: o primeiro, compreendido entre a Lapa e a Estação Acesso Norte, mais conhecido como tramo 1, e o segundo, do Acesso Norte à Estação Pirajá, o tramo 2. “Essa divisão aconteceu após imposição do governo federal em 2005, como condição para que ele fosse incluído do PPI (Projeto Piloto de Investimentos). Eles alegavam não ter mais recurso disponível para a construção do metrô em Salvador. Nessa época, cerca de 55% das obras já estavam concluídas”, recorda ele.
Sem noção dos atuais valores, o especialista garante apenas que os custos da obra do meio de transporte já sofreram um grande incremento comparado com o orçamento inicial. Ele alerta ainda que, caso hajam mais imprevistos, a tendência é que esse valor continue a subir. “Se o primeiro trem chegar aqui em julho, conforme está programado, e a linha não estiver totalmente pronta, por exemplo, ele terá que ser armazenado em algum lugar, e isso implica em custos extras com logística. Caso a administração prefira retardar o embarque do trem, a situação vai piorar, pois as taxas internacionais são ainda maiores”, revela.
Basicamente, duas mudanças estruturais no projeto inicial do metrô também influenciaram na elevação dos custos. “Além d
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