Mais de 2 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina, que se concentram às margens da estrada de ferro Carajás, em Parauapebas, no sudeste do Pará, mudaram de estratégia e agora estão usando camisetas amarelas do Movimento dos Trabalhadores em Mineração (MTM). A idéia é fugir das restrições impostas pela Justiça, que proíbe qualquer paralisação da ferrovia ou ataque ao patrimônio da mineradora Vale.
A empresa, no entanto, informou nesta segunda-feira, que a liminar da Justiça contempla qualquer manifestação que paralise a ferrovia ou atinja outro patrimônio da Vale. Policiais federais e das forças de choque da Polícia Militar do Pará vêm realizando vistorias nos acampamentos do MST à procura de armas ou qualquer tipo de ferramenta que venha a ser usada como armamento pelos manifestantes dessas organizações.
A polícia também alertou aos líderes do movimento sobre a ação contundente que fará caso a manifestação interrompa a ferrovia. O movimento, chamado de Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, conhecido como Abril Vermelho, provocou a mobilização de entidades empresariais do Pará, que nesta segunda-feira promovem o ato de desagravo à Vale em apoio ao crescimento da economia do estado. Há informações de que o ataque à Estrada de Ferro Carajás está prevista para esta quinta-feira. O MST garante que o protesto pela reforma agrária atinge 14 estados.
A Vale está protegida por duas liminares que impedem qualquer ação do MST ou movimentos afins contra o patrimônio da empresa. Qualquer descumprimento das decisões judiciais poderá levar à prisão os coordenadores nacionais e regionais destas organizações.
Nesta terça-feira, ocorre a passagem do 12º ano do massacre de Eldorado dos Carajás, onde 19 sem-terra foram mortos em confronto com a PM do Pará. A direção do MST avalia que novas áreas serão ocupadas como protesto à morosidade da política de reforma agrária do governo.
MST diz que não realizou protesto contra a Vale
Em nota oficial, o MST esclarece que não realizou protesto contra a Vale na quarta-feira passada, como divulgou a mineradora, nem participou da organização do acampamento montado às margens da Estrada de Ferro Carajás (EFC).
– O acampamento montado às margens da Estrada de Ferro Carajás é do Movimento dos Trabalhadores e Garimpeiros na Mineração, que fazem uma jornada de lutas em defesa dos direitos dos garimpeiros e contra a exploração imposta pela Vale.
Para o MST, a Vale atribuiu ao movimento os atos de protestos para esconder da sociedade que diversos setores populares fazem manifestações contra a diretoria da mineradora e pela reestatização da empresa.
Os advogados de Stédile entraram na quinta-feira da semana passada com recurso contra a liminar obtida pela Vale, contestando a competência da 41 ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio para julgar a ação, já que Stédile tem endereço fixo em São Paulo, onde alegam que a ação deveria ter sido proposta. O recurso ainda não foi julgado. A multa definida pelo TJ do Rio para o MST é de R$ 5 mil por ato violento ou interrupção.
Empresas de segurança que prestam serviços à Vale flagraram, nesta segunda-feira, militantes do MST e do MTM vistoriando os trilhos da ferrovia, mas as lideranças do MST negam qualquer ação no sentido de bloquear a estrada de ferro, a exemplo do que ocorreu em outubro do ano passado. Cerca de 600 homens das polícias civil e militar do Pará foram deslocados para o sudeste do Pará, onde montaram barreiras nas rodovias PA-150 e PA-275, revistando todos os veículos que por lá trafegam em busca de armas e drogas.
Governo do Pará anuncia parceria com prefeitura de Parauapebas
Os órgãos de segurança do estado mantém diálogo com as lideranças do MST tentando evitar o bloqueio da ferrovia de Carajás e das rodovias estaduais, principalmente depois que a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), recebeu apelos d
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