Para marcar o Dia do Ferroviário, comemorado hoje, o BOM DIA foi de Bauru a Botucatu de trem. Direto da cabine, acompanhei um dia de trabalho do maquinista e seu auxiliar numa viagem de 93 km que consome seis horas.
A locomotiva que nos levou na verdade eram duas: uma na frente da outra no início da composição. É o modelo U20 de 1975, de número 3873, com capacidade para puxar 1.500 toneladas. No total, as locomotivas e os 29 vagões (oito vazios) desta viagem somam 441 metros e 1.497 toneladas. A carga é soja e óleo de soja vinda de Jupiá (SC) com destino a Mairinque e depois Santos.
O maquinista é José Afonso Ortega, 47, há 20 anos na função. Tiago Augusto Fidelis Crispim, 22, é o operador de produção júnior. “Nunca me envolvi em acidentes”, diz Ortega.
Ele tem mulher e três filhas. Perguntado sobre a antiga lenda de que os maquinistas têm um amor em cada cidade em que passam, solta uma sonora gargalhada. Diz que isso era coisa mais para a juventude e do tempo das longas viagens.
Dentro da cabine sua rotina é controlar manivelas como do freio a ar, acelerador e reversor (manda o trem para frente ou para trás), além do “homem morto”. Este é um pedal com o único e importante objetivo de informar para a máquina que seu condutor está vivo e em condições de prosseguir.
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Em um intervalo de cerca de 40 segundos um apitinho soa na cabine e Ortega tem que pisar no pedal do homem morto. Caso ele não faça isso por três vezes o trem simplesmente pára sozinho. “Faço isso há tantos anos que muitas vezes me pego em casa pisando sozinho embaixo da mesa”, brinca. A chegada em Botucatu deixa para trás uma visão privilegiada da cabine. O que o repórter viu o BOM DIA conta amanhã.
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