Com 1.860 quilômetros de extensão e idealizada pelo Barão de Mauá, ainda no período do Império, no século XIX, a Ferrovia Transnordestina ganha fôlego novo para tentar cruzar o sertão, interligando os municípios de Eliseu Martins, no Piauí, a Salgueiro, em Pernambuco, de onde seguirá em dois ramais, um para o Porto de Suape (PE) e outro para o Porto de Pecém, no Ceará.
O governador Cid Gomes assegurou, através do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), R$ 15 milhões, para cadastramento, avaliação e desapropriação de 4.160 hectares de terra, sendo 520 quilômetros por 80 metros, entre os municípios de Missão Velha, no Cariri, ao Pecém, no litoral norte cearense.
A desapropriação da área é essencial para dar prosseguimento às obras de construção do trecho cearense da ferrovia, que começa a receber críticas de empresários do setor de logística, por atraso no trecho Pernambucano.
Em obras
Atualmente, o único trecho em obras é o de Missão Velha (CE) a Salgueiro (PE), com extensão de 110 quilômetros, dos quais apenas 20 foram concluídos. A informação do convênio foi anunciada pelo próprio governador e detalhada pelo secretário adjunto de Infra Estrutura do Ceará (Seinfra), Otacílio Borges Filho.
Segundo ele, os recursos serão utilizados para pagar os serviços de cadastramento, realização do laudo de avaliação e conseqüente desapropriação dos imóveis, que a Transnordestina irá cortar no Estado.
´O termo de referência para abertura da licitação está sendo concluído´, disse Borges, ao informar que até o fim de abril, o edital de licitação desses serviços será lançado. ´Nossa expectativa é de que até o fim do semestre, as avaliações comecem´, aguarda o executivo.
´Tartaruga´
Paralelamente, acrescenta Borges, o governo do Estado segue com o projeto executivo da ferrovia. Ao contrário da opinião do empresário do setor de logística e presidente da Tecon, Sérgio Kano, ao Jornal do Commercio/PE, de que “a lentidão nas obras da Transnordestina (em Pernambuco) é tal qual uma tartaruga paraplégica”, Borges avalia que, no Ceará, ´as obras estão sendo tocadas a todo vapor´. Em relação à velocidade nas obras, Borges falou que é melhor perder tempo na fase de projetos, do que recorrer a correções na construção da obra. ´Enquanto estamos na fase de projetos, todas as correções são possíveis, enquanto que depois…, além de que correções são sempre mais onerosas´, disse.
A reportagem tentou por várias vezes, em três dias diferentes, falar com o presidente da CFN, Tufi Taher, mas ele estava em reunião ou viajando e não retornou as ligações.
Projeto de R$ 4,5 bi
A Ferrovia Transnordestina está sendo construída pela Companhia Ferroviária Nacional (CFN), empresa provada que está investindo no projeto, R$ 4,5 bilhões, sendo R$ 3,5 bilhões financiados pelo governo Federal, dos quais R$ 2,8 bilhões, já orçados dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A conclusão da obra, reiniciada em 2004, está prevista para 2010, último ano governo do presidente Lula.
A ferrovia irá facilitar o escoamento de grãos (soja, milho etc.) cultivados nos cerrados piauiense e maranhense, para o Porto do Pecém, bem como o transporte de gesso da jazida de Araripina (PE) — hoje é realizado através de rodovias — e de etanol, de usinas do Maranhão e Tocantins.
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