Uma reportagem publicada pelo jornal norte-americano Wall Street Journal nesta terça-feira (6) afirma que o grupo francês Alstom está sendo investigado por oficiais franceses e suíços por “corrupção” na atribuição de contratos no exterior, por uma denúncia das autoridades judiciais suíças. Entre esses contratos estaria um firmado no Brasil.
A Alstom, especializada em transportes – trens de alta velocidade, bondes, metrôs – e energia, é suspeita de ter pago milhões de dólares de subornos para obter contratos na Ásia e América Latina entre 1995 e 2003.
A procuradoria de Paris abriu em 7 de novembro de 2007 uma investigação judicial por “corrupção ativa de agentes públicos estrangeiros” e “abuso de bem social”, após uma denúncia da justiça suíça recebida em maio do ano passado. Os juízes responsáveis pelo caso não emitiram nenhum indiciamento até o momento.
Na semana passada, segundo o jornal, autoridades policiais suíças e brasileiras teriam se encontrado no Brasil para tratar de supostos pagamentos de cerca de US$ 6,8 milhões que a Alstom teria feito para ganhar um contrato de US$ 45 milhões para instalar equipamento para a extensão do metrô de São Paulo. O contrato teria sido firmado no final da década de 1990, segundo dados do Banco Mundial, que financiou parte do projeto.
Mais pagamentos
Os investigadores também estariam atrás de pagamentos suspeitos de cerca de US$ 200 milhões feitos pela Alstom em conexão com o projeto de uma usina hidrelétrica no Brasil e projetos na Venezuela, Singapura e Indonésia. Esses pagamentos constariam de documentos vistos pelo Wall Street Journal.
No ano passado, dois representantes da Alstom disseram ter feito pagamentos em nome da companhia, segundo fontes próximas à investigação disseram ao jornal. Um deles, Michel Mignot, disse ao WSJ que estava ´fazendo seu trabalho´.
As autoridades também investigam um contrato firmado pela Alstom para ajudar a construir uma usina hidrelétrica em Itá (SC), completada em 2001. Documentos indicariam que a companhia teria provisionado cerca de US$ 200 milhões para pagamento de comissões.
Sem acusação
Ao jornal, um porta-voz da Alstom reconheceu que os escritórios da empresa foram investigados por conta das denúncias, mas que até agora nenhuma acusação formal foi feita. ´O código de conduta da Alstom é obedecer estritamente a todas as leis e regulamentações aplicáveis às práticas comerciais”, disse.
Antes da lei anti-suborno de 2000, a legislação francesa permitia às empresas deduzir impostos sobre comissões de 7,5% pagas em vendas internacionais, desde que declaradas às autoridades.
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