Com a prioridade dada ao transporte rodoviário, a malha férrea gaúcha sofreu um sucateamento aparentemente irreversível. Em quase 150 anos de ferrovias, o Estado amarga hoje os reflexos da falta de investimento. Por isso, é possível imaginar o quanto Carlos Pelc, 42 anos, gerente comercial e de terminais intermodais da Standard Logística, penou para convencer a clientela sobre as vantagens em apostar no vapor.
– Quebramos um paradigma. Mas foi preciso lembrá-los que, mesmo sabendo das reduções de custo para transporte, seria preciso adequar-se. Hoje, perder um navio está longe dos planos – explica o executivo, mencionando o destino final das cargas, o porto do Rio Grande.
A companhia obteve uma redução de até 25% no valor do frete se comparado ao transporte rodoviário, e hoje figura entre os maiores operadores logísticos intermodais refrigerados do país, com clientes como Sadia e Frangosul. Os embarques de frango congelado, suínos, miúdos, carne bovina, madeira e couro partem diariamente de Esteio e, 48 horas depois, chegam a Rio Grande.
Há empresas que vêem um entrave nessa demora. Não existe uma linha direta entre Canoas ou Porto Alegre e o porto rio-grandino: as composições que saem da Capital seguem até Santa Maria e percorrem Cacequi e Pelotas até atingir o porto. Dessa forma, os investimentos da iniciativa privada se tornam a principal saída para fazer deslanchar o transporte ferroviário no sul gaúcho.
O modal ferroviário ocupa a segunda posição nas opções de transporte de carga, atrás do rodoviário. A América Latina Logística (ALL), concessionária das linhas ferroviárias gaúchas, vê o volume de transporte de industrializados crescer e, para este ano, trabalha com meta de incremento de 40% nessas atividades, com os segmentos de construção, contêineres, siderúrgicos e florestais.
A malha ferroviária
A malha ferroviária gaúcha tem 3.111 quilômetros de linhas e ramais controlados.
A ALL, concessionária em atuação no Estado, transportou 5 milhões de toneladas de granéis no RS em 2007.
240 vagões são descarregados diariamente no porto de Rio Grande.
Os produtos granéis de maior circulação são fertilizantes, soja, milho e arroz.
Os principais problemas
Rampas acentuadas e curvas fechadas no traçado das ferrovias prejudicam o desempenho das locomotivas.
Não há linha direta entre Porto Alegre e Pelotas. As cargas saem da Capital e passam por Santa Maria antes de chegar ao sul do Estado.
Há um projeto de criação de uma conexão Região Metropolitana-Pelotas, com 254 quilômetros de extensão, partindo de Nova Santa Rita. Está em fase de captação de recursos no programa gaúcho de Parcerias Público-Privadas.
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