A Vale suspendeu ontem as atividades de duas unidades no Porto de Tubarão, no Espírito Santo, que produzem 7,3 milhões de toneladas métricas por ano de pelotas, usadas na fabricação do aço. O corte, segundo a Vale, se deveu à retração da demanda global por minério de ferro e pelotas. Os funcionários dessas unidades estão sendo treinados para novas funções. A empresa não detalhou quantos estão em treinamento e para que tipo de atividade. O Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo informou que a Vale tem seis mil funcionários trabalhando nas áreas de produção, no porto e na ferrovia e que, até agora, 268 foram demitidos, número que faz parte do corte de 1.300 pessoas em todo o mundo anunciado pela companhia.
A Vale tem sete unidades de pelotização no Espírito Santo e desde ontem apenas uma está em funcionamento. Em 5 de novembro, a empresa já havia interrompido a produção de duas outras plantas no Porto de Tubarão e suspendeu até meados de janeiro de 2009 a operação de duas outras fábricas que detém por meio da joint venture Samarco Mineração, resultado da união da Vale com a australiana BHP Billiton.
— Os funcionários no Espírito Santo foram bastante afetados.
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Quanto à preparação de pessoal para novas funções, a Vale, usará os empregados para fazer a manutenção das usinas, função dos empregados terceirizados — diz o presidente do Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo, João Batista Cavalieri.
O diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo, Sérgio Guerra, diz que a Vale tem cerca de dez mil empregados terceirizados, sobretudo metalúrgicos.
— Amanhã (hoje), a Justiça decide sobre o acordo coletivo.
Enquanto isso, a Vale não tem como cortar o pessoal terceirizado — diz Guerra.
Os empregados pedem reajuste de 7,26% (INPC), ganho real de 5% e piso salarial de R$ 1 mil. Procuradas, as empresas Delta e NM Engenharia, que contratam pessoal terceirizado para a Vale, não retornaram as ligações do GLOBO.
Presidente da Fiesp diz que situação piora rapidamente O presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, disse ontem que a empresa vai esperar até janeiro para decidir se vai ou não reduzir sua produção de aço.
Segundo ele, embora tenha sido mais forte nos setores automobilístico e de autopeças, a desaceleração nas encomendas de aço tem sido geral desde novembro.
A CSN continua operando normalmente, mas parou de comprar matérias-primas. E também manteve inalteradas as escalas de férias coletivas.
— Está todo mundo jogando com as férias, para evitar demissões e esperar o ano que vem, que eventualmente pode ser melhor do que todo mundo está esperando — disse ele.
Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, disse ontem que a situação das montadoras de veículos e da indústria de autopeças não justifica demissões no setor, apesar da grande queda nas vendas nos últimos dois meses. Segundo ele, a produção de veículos saltou de 1,83 milhão, em 2003, para 3,27 milhões de unidades este ano, o que garantiu lucros elevados às empresas. No segmento de autopeças, segundo o sindicato, o faturamento das empresas, que em 2002 era de US$ 11 bilhões, este ano deve chegar a US$ 44,1 bilhões.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse ontem que a economia do país deve ter crescimento zero neste quarto trimestre, e que uma retração nos primeiros três meses de 2009, não seria uma surpresa.
Segundo Skaf, embora pesquisas recentes feitas pela própria entidade indiquem elevado nível de confiança entre os empresários paulistas, apesar da crise, a situação tem mudado muito rapidamente, e para pior.
Já a Sadia disse ontem que reduziu aceleradamente sua exposição aos derivativos cambiais, que lhe causaram perdas de R$ 760 milhões em setembro.
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