Não é de hoje que os transportadores reclamam das condições como os caminhões são recebidos nos terminais ferroviários da ALL (América Latina Logística) em Alto Taquari e Alto Araguaia (MT). Sempre que aumenta o trabalho, os problemas se agravam.
Os pátios são de chão batido, com muita poeira ou lama, há poucos banheiros, a estrutura para refeições é precária, o mau cheiro (provocado pelo apodrecimento de grãos que se perdem na descarga) é intenso – essas são as principais reclamações.
O pior aborrecimento, nos picos da safra, é o tempo de espera fora dos terminais, às margens da estrada (as velhas filas da descida da serra para o Porto de Paranaguá só mudaram de endereço…). “Lá fora não tem banheiro. E tem motorista que fica lá cinco dias”, contou o diretor-executivo da ATC (Associação dos Transportadores de Carga) de Rondonópolis (MT), Miguel Mendes, dias antes do carnaval. “E no pátio é uma buraqueira só. Estes dias estive lá e eu mesmo vi um caminhão que caiu num buraco e quebrou ao sair da classificação”, completa.
Mendes diz que a ordem de chegada dos caminhões não é obedecida e a descarga é desorganizada. “Os caminhoneiros não conseguem nem cochilar no pátio (a descarga é feita 24 horas por dia). Eles têm de deixar a janela do caminhão aberta para ouvir a chamada no alto-falante. Estão sendo comidos por pernilongos.”
Em 2006, o Ministério Público do Trabalho (MPT) foi procurado pelos transportadores e exigiu adequações da ALL, mas, segundo Mendes, a empresa não fez o que prometeu. “Estamos buscando novamente o Ministério Público”, informou.
Só que agora o procurador do MPT em Rondonópolis, Paulo Douglas Almeida de Moraes, já não está tão disposto a intervir no caso dos terminais da ALL em favor dos transportadores, a não ser que eles ofereçam algo em troca: um limite razoável para a jornada de trabalho dos motoristas, segundo ele próprio informou à Carga Pesada.
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