A Vale relança hoje, no Espírito Santo, o projeto de instalação de uma siderúrgica em Ubu, distrito industrial de Anchieta, município capixaba. O anúncio será feito no Palácio Fonte Grande, em Vitória. Um projeto semelhante de construção da Companhia Siderúrgica de Vitória (CSV), que seria implantado em Ubu pela Vale e a siderúrgica chinesa Baosteel, foi vetado pelo governador Paulo Hartung em novembro de 2008, levando as duas empresas a desistirem do negócio.
Na ocasião, Hartung comunicou às empresas sua decisão de proibir a construção da siderúrgica em Ubu porque a região tinha problemas de fornecimento de água e muita poluição do ar. Inicialmente, o governador havia concordado com a ida da CSV para o local. Depois, chegou a oferecer municípios alternativos para a instalação da futura siderúrgica. O que foi recusado pelas sócias.
Em janeiro, a Baosteel e a Vale comunicaram a Hartung e ao mercado a desistência oficial do projeto. A empresa chinesa, que já havia investido na instalação de uma sede em Vitória, com contratação de funcionários, inclusive de alto escalão, e financiado viagem de seus potenciais executivos à China, demonstrou a intenção de não mais investir no Brasil.
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Essa foi a segunda experiência mal sucedida da Baosteel no país. A empresa chinesa já tinha tentado erguer uma siderúrgica em São Luiz, no Maranhão, também em parceria com a Vale, e não conseguiu por problemas no terreno. Ou seja, passou pelas mesmas dificuldades vividas no Espírito Santo.
Em boa parte, a crise econômica que derrubou os mercados de minério e aço ajudou Vale e Baosteel a optarem pelo engavetamento da CSV. Mas a brasileira recuperou a ideia do projeto e voltou, ainda no primeiro trimestre, a ter entendimentos com o governo Hartung para reavaliar a construção de uma siderúrgica em Ubu.
A razão pela qual o projeto da siderúrgica capixaba, desta vez encabeçado apenas pela Vale, voltou a ser acatado pelo governo do Espírito Santo, justamente em Ubu, local que tinha sido vetado anteriormente, não é conhecida. Mas um investimento de US$ 3 bilhões é difícil de ser recusado. Para a Vale o local é estratégico, pois ali foi erguida a pelotizadora da Samarco, empresa da qual é sócia, além de ser próximo à sua ferrovia Vitória a Minas e ter local para construção de um porto. A nova usina deve entrar em operação em 2014.
Informações apuradas pelo Valor dão conta de que a mineradora estaria estudando mecanismos alternativos de uso mais racional da água na região, inclusive a utilização de água do mar para contribuir na refrigeração dos equipamentos, minimizando o consumo de água doce. Esse recurso foi usado pela ex-Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST, quando foi construída em 1982. A região do distrito industrial de Ubu é banhada pelo rio Beneventes, que já tem reserva de domínio. Em futuro, não será descartada a possibilidade de construção de usinas de dessalinização da água do mar.
Outra versão que circula no mercado é a de que a mineradora teria sofrido pressões políticas do governo federal para investir no Estado, como ocorreu no Pará.
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