Transporte urbano é eminentemente político. A definição lapidar foi dada hoje pelo presidente do Banco Mundial, o moçambicano Jorge Rebelo. Principal convidado do 17º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, Rebelo refere-se às brigas políticas entre governantes, revelando que o banco evita financiar projetos em regiões onde prefeito e governador não se falam.
– Somente agora, no fim da minha carreira, tenho confiança de governadores e prefeitos falando a mesma língua. Normalmente, eles não se falam e esta aliança entre Sérgio Cabral e Eduardo Paes é importante – afirma.
Resolvidas as picuinhas políticas, Jorge Rebelo passa a elogiar a rede de trilhos fluminense:
POD NOS TRILHOS
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– Tanto São Paulo como Rio são abençados por terem um sistema de trem em volta da cidade. Por que não ligá-lo ao metrô ou transformá-lo em um metrô de superfície?
Ainda na seara ferroviária, ele defende a integração do sistema com os ônibus:
– A SuperVia sofreu com isso porque a sua demanda de passageiros foi calculada em cima do que receberia dos ônibus. Sem isso, o povo foge para as vans e os ônibus.
Críticas à AMTU
Defensor do bilhete único, Rebelo prega a reorganização das linhas de ônibus. Mas o dirigente também tem suas críticas, como faz com a Agência Metropolitana de Transportes Urbanos. Para ele, a AMTU deveria tomar as rédeas da discussão e promover a integração intermodal no Grande Rio. Os tribunais de contas são outro alvo de Rebelo.
– A AMTU existe, mas sem força suficiente para dirigir a cidade como a do Consórcio de Madri ou o Sindicato de Paris, ou mesmo Vancouver (Canadá). O Tribunal de Contas da União e os tribunais de contas estaduais são necessários, mas há situações em que param os nossos projetos, como fizeram com o metrô de Salkvador. Isso me dá uma dor no coração – diz.
Quanto a investimentos para a Copa do Mundo de 2014, Rebelo diz que o bancão não irá financiar propostas que só atendam à competição. É preciso que a infraestrutura montada sirva à população.
– O sistema para a Copa tem de ajudar a população de baixa renda, como fizemos no Rio durante os Jogos Panamericanos, em 2007, com os trens asiáticos. Se forem projetos só para a Copa, vai ser difícil nos convencer – diz.
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