O assunto é polêmico e vem sendo discutido desde o fim da década de 90: a passagem de trens pela área urbana de Juiz de Fora. Quem tem pressa reclama que perde tempo esperando o trem passar. Já especialistas apostam em uma adaptação no trânsito e garantem que é possível manter o desenvolvimento da cidade sem perder a mineiridade.
Juiz de Fora cresceu às margens da linha férrea e parece ter se acostumado a essa companhia. São 30 composições por dia, cada trem mede um quilômetro e meio e leva e traz 134 vagões com capacidade para 130 toneladas. Desce de Minas para o Rio de Janeiro carregado de minério e corta a área urbana de Juiz de Fora de Norte a Sul, em um trecho de 20 quilômetros de extensão a 25 quilômetros por hora.
Mas a passagem do trem na cidade não chega a ser o maior problema do trânsito, apontado por todos que utilizam as travessias. São muitos debates e várias discussões por causa da possível transposição da linha férrea do Centro da cidade para a periferia. Mas fica a dúvida: a medida resolveria o trânsito de Juiz de Fora?
Não é o que pensa o arquiteto do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/MG) Marcos Olender. “Sou permanente contra a tranposição da linha férrea. Conter essa linha, isolá-la, criar passagens, mergulhões, viadutos seria uma medida muito mais barata. Outro ponto é que daqui a um tempo a cidade pode pensar na utilização dessa linha férrea como um alternativa segura e viável para o transporte de massa”, explica.
A MRS Logística, empresa que tem a concessão da malha ferroviária desde 1996, tem um plano de crescimento e transporte para Juiz de Fora.
O que está no Código de Trânsito Brasileiro, e é ensinado até nas escolas, nem sempre é cumprido quando o trem está próximo. Com isso, os acidentes tornam-se inevitáveis. Em um ano foram registrados quatro acidentes com vítimas na linha férrea de Juiz de Fora. A maioria deles, segundo a MRS, por imprudência e até distração de pedestres e motoristas.
Mas agora a prova pode ser tirada. Foram instaladas câmeras em pontos críticos de travessias e elas ficarão de olho em tudo que acontece.
Segundo o gerente da MRS, Sérgio Carrato, as câmeras vão poder ajudar não só os órgãos de trânsito da cidade, como também criar um monitoramento para as operações de logística. Principalmente devido à imprudência das pessoas em transpor a linha férrea.
Segundo a Polícia Militar (PM), este ano um acidente foi registrado na Rua Francisco Bernardino, no Centro da cidade. Não houve atropelamento, mas no momento em que o trem passava uma mulher teria ficado presa entre a mureta de proteção e a linha férrea.
Vale lembrar que a linha férrea que liga Juiz de Fora ao Rio de Janeiro está interditada desde a tarde de sábado (15) quando um deslizamento de terra provocou o descarrilamento de sete vagões.
Técnicos trabalham no local do acidente, perto da hidrelétrica de Marmelos. A previsão é que a situação seja normalizada e o tráfego ferroviário liberado até sexta-feira (21).
No caso de acidentes com veículos, o Código Nacional de Trânsito é claro: parar o carro em cima da linha do trem é infração gravíssima. A multa é de R$191,54 e somam sete pontos na carteira.
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