Relatório do Senado critica projeto do TAV

O governo tem sustentado a tese de que o projeto do trem-bala, que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, é um empreendimento de risco financeiro baixo para o poder público, já que boa parte do custo, hoje estimado em R$ 34 bilhões, será bancado pelo capital privado. Não é exatamente o que mostra um novo relatório do Centro de Estudos do Senado Federal, divulgado ontem.


O estudo aponta que o financiamento público do trem de alta velocidade (TAV), que será feito por meio do BNDES, envolve um subsídio embutido nos encargos que pode chegar a R$ 4,8 bilhões. Esse valor, segundo o consultor do Senado, Marcos Mendes, responsável pelo relatório, corresponde à diferença entre a taxa Selic usada pelo Tesouro Nacional para se financiar e a TJLP, acrescida de 1% ao ano, taxa a ser usada pelo BNDES no empréstimo às obras do TAV.


Pelas regras do projeto, o BNDES concederá ao concessionário do TAV um empréstimo de até R$ 20 bilhões. Quem dá as garantias para tomar esse dinheiro é o Tesouro, ou seja, se o concessionário não pagar o BNDES, o Tesouro arcará com a despesa. Por meio de sua assessoria, o BNDES informou que é essa garantia do Tesouro que transforma o TAV em um projeto de baixo risco para o banco. Por isso, a taxa do empréstimo é considerada baixa em relação a outros projetos de maior risco, nos quais o Tesouro não garante o pagamento, o que faz o banco cobrar um “spread”.


Paralelamente, os desembolsos do governo no trem-bala somam investimento direto de mais R$ 3,4 bilhões para a criação da estatal Etav, que será sócia do empreendimento, e um subsídio de mais R$ 5 bilhões a ser concedido pelo Tesouro, caso haja frustração de receitas. “O que concluímos é que o governo está bancando um projeto bilionário sem estudar profundamente seus benefícios”, critica Mendes.


Além do volume de dinheiro público envolvido no projeto, as regras atuais jogam sobre o governo a responsabilidade de ter de assumir as dívidas do concessionário, caso a demanda do TAV não seja atingida, segundo Mendes. Isso porque, numa situação em que o Tesouro tivesse de pagar o empréstimo do BNDES, ele teria dificuldades em cobrar suas contragarantias junto ao consórcio.


São duas as contra garantias do concessionário: as ações da empresa que gerencia o TAV ou as receitas geradas pelo trem-bala. “Essas garantias são extremamente frágeis”, diz Mendes. Se o TAV apresenta rentabilidade negativa, as ações da empresa formada para geri-lo não terão valor de mercado, argumenta o consultor. Quanto às receitas futuras com a operação, torna-se uma alternativa inócua, já que, se o empreendimento vive uma situação na qual nem consegue pagar suas dívidas, seria mínima a capacidade de gerar receita suficiente para cobrir os custos. O ideal, diz, seria o concessionário contratar um seguro de garantia no mercado financeiro, o que exigiria desembolso efetivo.


O trajeto do TAV entre Rio e Campinas prevê cinco possíveis estações, além de São Paulo, e paradas em aeroportos. A distância total é de 511 km, com 412 km no trecho Rio-SP. Pelo projeto do governo, estima-se 6,4 milhões de passageiros/ano para o trecho Rio-São Paulo em 2014. De acordo com o estudo do Senado, as experiências internacionais com trem-bala apontam a necessidade de se atingir pelo menos 20 milhões de passageiros/ano para que o projeto cubra os custos operacionais e as despesas com juros.


Questionado sobre o assunto, o presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, afirmou que o estudo do TAV foi meticulosamente desenhado e que se trata de um projeto de governo que será realizado, com ou sem a iniciativa privada. “Há razões de interesse público para fazer esse projeto. É um projeto que tem de ficar de pé e o governo acredita nele. Se o negócio for mal, o governo assume o projeto. Não há hipótese de abandonarmos essa obra”, disse.


Sobre o subsídio embutido no empréstimo do BNDES, Figueiredo comentou que o governo nunca negou que estava dando condições favoráveis de financiamento a juro baixo para realizar a obra.


 


Leia Também:


Ferrovia tem interessados, mas falta investimento

Borrowers who would look cash advance payday loans their short terms. payday loans

It is why would payday cash advance loan want more simultaneous loans. payday loans

Payday lenders so why payday loans online look at.

Bad lenders will be payday loans online credit bureau.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*