A entrada dos Correios no consórcio que vai implantar o Trem de Alta Velocidade (TAV) entre São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, viabiliza a participação dos fundos de pensão no projeto, disse o presidente da Petros, Luis Carlos Fernandes Afonso.
O executivo fez um paralelo com a usina hidrelétrica de Belo Monte, no qual a Petros deve colocar R$ 650 milhões ao longo de cinco anos para ter uma participação de 10%. Segundo ele, foi fundamental para a decisão de fazer parte do consórcio o fato de a hidrelétrica já contar com compradores garantidos – os autoprodutores e os contratos de PPA para grandes consumidores industriais de energia.
“Se os Correios entram, já fica assegurado que alguém vai usar o serviço”, afirmou Afonso. “Eu, como investidor do fundo de pensão, tenho um componente a mais pra fazer a análise, tenho uma demanda já assegurada, que entra no risco e diminui as minhas incertezas.”
Rebatendo as críticas sobre a falta de interesse de investidores privados no TAV, até agora restrito a BNDES e fundos de pensão ligados a empresas estatais, Afonso frisou que a presença do banco garante a parte de fomento necessária a um projeto dessa magnitude.
E frisou que tanto a Petros quanto outros fundos de pensão entrarão no projeto como investidores, não como instituições de fomento. “Não cabe a nós subsidiar investimento, isso é papel de banco oficial, do BNDES”, afirmou.
Segundo ele, a presença do banco não foi o único fator que a Petros considerou para investir no TAV. “O fato de eu ter o financiamento garantido do BNDES, prazo de concessão estabelecido e um consumidor de serviços são componentes que vão ajudar a ter mais informações para montar a minha análise e tomar a decisão”.
Afonso defendeu a entrada da Petros no consórcio que vai implementar o TAV, dizendo que é um investimento típico da carteira de longo prazo e bom retorno necessários para o cumprimento das metas atuariais de qualquer fundo de pensão. “O que precisamos assegurar é que a estrutura financeira seja tal que nos dê o conforto da rentabilidade assegurada. Obviamente são sempre operações de risco, mas esse risco tem que ser dimensionado a ponto de justificar o investimento no setor.”
A Petros está aguardando a elaboração do edital (marcado para fim de abril) para definir o valor do aporte que será feito via Invepar, empresa de investimentos em infraestrutura da qual a fundação é sócia controladora.
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