O governo do Estado conseguiu incluir o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), espécie de metrô de superfície, na lista de projetos aprovados no PAC 2 do governo federal. O investimento será de R$ 130 milhões. Segundo o diretor geral do Departamento de Estradas de Rodagem e titular da Secretaria Extraordinária para Assuntos Relativos à Copa, Demétrio Torres, o dinheiro será investido no trecho que liga Extremoz a Natal. Demétrio afirma que a ideia inicial é aproveitar os trilhos existentes e não construir novos, e acrescenta: “Vamos implantar a primeira etapa para analisar a viabilidade e pensar em implantar uma segunda, terceira, quarta etapa em Natal”, disse ontem, do Rio de Janeiro, onde participava de uma reunião com a Fifa. O projeto do VLT ainda não chegou na fase executiva.
Para o professor do Departamento de Engenharia Civil da UFRN e doutor em Engenharia de Transportes Enilson Santos, a implantação do VLT pode se refletir num barateamento nas tarifas de ônibus à medida que os passageiros optarem pelo novo sistema de transporte. Também pode representar aumento na produtividade nas empresas. A explicação é simples. Trabalhadores perderão menos tempo no trânsito. Apesar disso, o grande beneficiado, na visão do especialista, será o cidadão comum, que terá mais uma opção de transporte e poderá pagar tarifas mais baixas que as atuais, dependendo da política de subsídios da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), órgão federal responsável pelo transporte de passageiros.
No entanto, isso não ocorrerá num primeiro momento, segundo o professor, porque o trecho beneficiado ainda é muito pequeno. “O barateamento das tarifas de ônibus vai depender da quantidade de pessoas que deixará de circular em ônibus e optará pelo VLT. Mesmo que o VLT tire 15 mil passageiros dos ônibus, o percentual ainda será muito pequeno para provocar um barateamento nas tarifas. Ficará em torno de 3%. No entanto, daqui a alguns anos, se Natal continuar investindo no sistema ferroviário, haverá um ajuste geral no sistema de transporte público”, prevê.
O superintendente da seccional potiguar da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Erli Bastos, ainda não recebeu nenhum comunicado oficial do governo do Estado quanto à utilização e provável reforma de parte do sistema ferroviário. Embora o escritório nacional da CBTU tenha planos na mesma área, ele afirmou que a companhia não vai interferir no projeto apresentado pela governadora do Estado, Rosalba Ciarlini. Apesar de não conhecer o projeto, Erli diz que “tudo que vier em termos de mobilidade urbana é importante”. Um dos reflexos diretos do VLT, na opinião dele, seria a redução dos congestionamentos.
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O projeto do VLT de Natal contará com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), lançado em março de 2010 pelo governo federal, que injetará na economia nacional R$ 1,59 trilhão em obras entre 2011 e 2014 e pós-2014. Os projetos do PAC 2 dividem-se em seis eixos: Energia, Água e Luz Para Todos, Comunidade Cidadã (aumento da cobertura de serviços nas cidades), Minha Casa, Minha Vida, Transportes e Cidade Melhor (voltadas para as cidades). A previsão é que R$ 958,9 bilhões sejam usados até 2014. A maior parte dos investimentos será destinado a projetos de energia com um montante total de R$ 1,092 trilhão. Habitação receberá a segunda maior cifra, com R$ 278,2 bilhões para o programa Minha Casa, Minha Vida. Na área de transportes, o PAC 2 priorizará o investimento em rodovias. O projeto em Natal, segundo o especialista Enilson Santos, também prevê a modernização do trecho ferroviário Extremoz/Natal, incluindo reforma e urbanização em torno das estações ferroviárias.
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