Antônio Carmo Soares é um tipo de funcionário em alta na indústria ferroviária brasileira. Empregado em companhias ferroviárias desde a década de 1960, viveu todos os altos e baixos do setor desde então. Começou na Cobrasma, passou por diversas empresas do segmento e, há dois anos, assumiu a gerência de produção da fábrica da Bombardier em Hortolândia. Fala em pendurar a chuteira daqui a mais um ano. Mas resiste em cravar uma data. Quando questionado, desconversa. Apesar de já aposentado pelo INSS, há tempos profissionais experientes como ele não eram tão valorizados.
Não à toa, a cerca de cem metros do galpão onde Soares trabalha, em um complexo industrial de Hortolândia, está estacionado um caminhão escola. De propriedade do Senai, o veículo é usado pela AmstedMaxion para treinar soldadores, um tipo de profissional cada vez mais raro em tempos e contratações aceleradas. Muitos dos estudantes vêm de outros segmentos da indústria que trabalham com caldeiraria. Mas não chegam prontos. Precisam se adaptar às peculiaridades da indústria ferroviária, afirma Ricardo Chuahy, presidente da companhia no Brasil.
Engenheiros são outro tipo de profissional em falta. O que fez com que a Amsted fosse atrás de desenvolver, em parceria com o grupo Positivo de ensino, um MBA em indústria ferroviária. Segundo o executivo, as aulas são dadas na própria empresa, aos finais de semana. O curso tem duração e pouco mais de um ano, com turmas de 30 alunos. “Como historicamente este é um mercado de altos e baixos, muitos engenheiros que eram especializados foram atuar em outras áreas”, conta.
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O número de contratações no próximo ano dependerá dos humores do mercado. Por hora, segundo Chuahy, as perspectivas são boas. “Há investimentos do governo e das operadoras programados; o mercado está se movendo para diversificar o transporte, que era muito focado em minério”, afirma. “As coisas tendem a acontecer. Talvez ainda não com a estabilidade que gostaríamos. Mas, mesmo com altos em baixos, no final o mercado tem crescido”.
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