Metroviários temem demissões em obras do metrô de BH

Em uma audiência pública na Assembleia Legislativa na quinta-feira (24) para discutir o metrô de Belo Horizonte, representantes do Sindicato dos Metroviários (Sindimetro) disseram temer o futuro da categoria nos próximos anos com a prometida obra de ampliação do metrô da capital. Eles estão preocupados com a possibilidade de os funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) serem demitidos, uma vez que as obras poderão ser feitas em uma Parceria Público-Privada (PPP).


A manutenção dos empregos dos trabalhadores, a qualidade do atendimento e o preço do serviço foram alguns dos pontos discutidos na audiência. A presidente do Sindimetro, Alda Lúcia Fernandes dos Santos, alertou para a necessidade de uma fiscalização constante por parte da sociedade civil. “Sem a gestão do governo federal, o metrô não terá uma tarifa social e a relação de trabalho será precarizada”, Alda Lúcia.


O assessor da Prefeitura de Betim e ex-presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), João Luiz da Silva Dias, disse que exemplos de PPPs no transporte público do Rio de Janeiro e de São Paulo se mostraram fracassados. O presidente da Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Contagem (Transcon), Hermiton Quirino da Silva, levantou dúvidas sobre a participação privada na elaboração dos projetos de expansão, os aportes públicos no projeto e o financiamento das obras.


Extensão até Betim


A extensão da linha do metrô até Betim foi reivindicada pela representante do Comitê Pró-Metrô Betim e presidente do Sindimetro, Alda Lúcia Fernandes dos Santos. Ela lembrou que até 1986 havia um trem suburbano que ligava a cidade ao centro de Belo Horizonte, mas sua desativação deixou os moradores desassistidos, provocando um crescimento rápido na oferta de ônibus. Esse aumento, juntamente com a verdadeira explosão numérica da frota de veículos na rodovia Fernão Dias, tem trazido transtornos não só aos motoristas e passageiros, mas também a empresas como a Fiat, que tem sofrido com os constantes atrasos de seus funcionários e na entrega de autopeças, conforme destacou o secretário de Infraestrutura de Betim, José do Carmo Dias. 


A deputada Liza Prado criticou o trânsito caótico de Belo Horizonte e informou que as autoridades de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, já estão discutindo a implantação do veículo leve sobre trilhos (VLT), também conhecido como metrô de superfície, para evitar que aquele município enfrente os mesmos problemas da Capital.


O deputado Fred Costa (PHS) falou das atividades desenvolvidas pela Frente Parlamentar Pró-Metrô, lançada no dia 29 de junho. Segundo ele, trata-se de uma luta árdua contra interesses econômicos, mas que a luta pela expansão até Betim não vai parar. Ele disse ainda que, mesmo que haja uma PPP na ampliação e operação do metrô de Belo Horizonte, deverá haver um processo de transição “sem traumas” para que os atuais funcionários não sejam prejudicados.


O custo do projeto de extensão da linha do Barreiro até Betim deverá custar R$ 15 milhões, informou a deputada Maria Tereza Lara (PT). Depois disso, será necessária uma grande mobilização popular para conseguir a verba necessária para as obras. Já o deputado Elismar Prado destacou que a luta dos moradores de Betim pelo metrô já dura 30 anos, mas a cidade não foi contemplada no anúncio feito pela presidente Dilma. Ele ressaltou ainda que transporte público significa melhoria da qualidade de vida da população, por isso a mobilização não pode parar.


Requerimentos


Foram aprovados quatro requerimentos da comissão: um pedido de informações à CBTU e à BHTrans, empresa que administra o transporte público na Capital, sobre a expansão, os investimentos e o cronograma das obras do metrô de Belo Horizonte; um ofício ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Conedru), pedindo informações sobre o plano de retomada de trens urbanos daquele órgão; um pedido de informações à CBTU sobre a conservação da linha aérea de cabos dos trens urbanos na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH); e um pedido de providências à Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) em relação à retomada do transporte ferroviário de passageiros entre Betim, Contagem e Belo Horizonte.

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Fonte: CUT

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