A saída de Bernardo Figueiredo do comando da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deixa órfão o projeto de infraestrutura mais ambicioso do governo federal. Bernardo Figueiredo sempre foi o cérebro por trás do trem de alta velocidade, projetado para ligar as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas.
Alçado por Luiz Inácio Lula da Silva ao comando da ANTT e referendado por Dilma Rousseff para permanecer no posto, Figueiredo defendeu o projeto com unhas e dentes desde a sua gestação, em 2007. Mesmo após o projeto ter fracassado em três tentativas de licitação, Figueiredo foi à Câmara dos Deputados e ao Senado sustentar a viabilidade do projeto. Depois de enfrentar discussões intermináveis sobre o assunto e ser convencido pelas empreiteiras de que o modelo de negócio estruturado para o projeto simplesmente não parava em pé, Figueiredo liderou pessoalmente a reformulação total do edital. De volta à estaca zero, redesenhou o projeto e, com apoio pessoal de Dilma, anunciou o relançamento do edital para este ano.
Figueiredo deixa a ANTT no momento em que a agência estava prestes a apresentar a nova minuta do edital ao mercado para, a partir daí, encarar uma sequência de audiências públicas. A minuta já está pronta e só depende de um sinal verde da presidente Dilma Rousseff para ser divulgada.
Dado o envolvimento que Figueiredo mantinha com o projeto, é provável que a sua saída do comando da ANTT mexa com o cronograma do trem-bala. Ontem, o governo já admitiu que a previsão divulgada em dezembro do ano passado pela agência já não será cumprida. O plano era divulgar o edital neste mês. Agora, a previsão foi mudada para até 15 de junho. A realização do leilão de concessão, no entanto, continua programada para novembro, ou seja, exatamente dois anos depois da primeira tentativa de emplacar o projeto.
Orçado em pelo menos R$ 38 bilhões, com financiamento do BNDES de até R$ 22 bilhões, o trem-bala teve seu leilão dividido em duas etapas. Na primeira, prevista para este ano, será escolhida a tecnologia e a empresa que irá operar o trem. Para 2013 está previsto o leilão que contratará as empreiteiras que construirão seus 511 quilômetros de malha. A conclusão projeto, que em 2007 chegou a ser projetada para 2014, ano da Copa do Mundo, agora é de 2019.
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