A Hitachi, conglomerado japonês que produz de secador de cabelo a reator nuclear, ganhou ontem um contrato de US$ 7 bilhões (4,5 bilhões de libras) na Inglaterra para fabricar e manter trens que ligarão Londres a outras cidades.
“Este [contrato] representa um passo extremamente importante no caminho da Hitachi em direção ao crescimento global”, disse ontem o presidente mundial Hiroaki Nakanishi, em comunicado. Na terça-feira, ao Valor, o executivo havia dito que “ser uma empresa global é uma questão de sobrevivência para a Hitachi”.
A empresa tem 59% de suas vendas feitas no Japão, que tem forte dependência da economia chinesa, em desaceleração.
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O contrato fechado com o governo britânico prevê a instalação de uma fábrica para produzir 596 vagões que irão substituir os atuais no sistema Intercity. A unidade industrial deverá ser erguida em Newton Aycliffe (Condado de Durham) e entrará em plena operação em 2016, segundo comunicado da Hitachi divulgado ontem.
A capacidade da fábrica será de 35 veículos por mês. A previsão é empregar 730 pessoas, incluída a equipe de pesquisa e desenvolvimento. A Hitachi também terá centros de manutenção em Bristol, Swansea, no oeste de Londres e em Doncaster.
A inglesa John Laing, parceira da Hitachi no consórcio Agility Trains, informou que esses centros farão a manutenção da frota de 92 trens. O contrato assinado ontem com o Departamento de Transporte do Reino Unido garante vinte e sete anos e meio de uso para os trens, informou a John Laing.
Japan Bank for International Cooperation informou ontem que a Hitachi está tomando um empréstimo de US$ 3,4 bilhões (2,2 bilhões de libras) para ajudar a financiar o projeto dos trens. O European Investment Bank e mais sete bancos privados vão cofinanciar cerca de 50% desse valor.
A Hitachi é considerada uma das maiores fabricantes de trens do mundo. Fora do Japão, a companhia já fechou contratos para fornecer trem de alta velocidade no Reino Unido e monotrilhos em Cingapura e na China.
O presidente mundial da Hitachi, em entrevista ao Valor publicada ontem, disse que o setor de ferrovias no Brasil é um dos que lhe interessam para fazer crescer as operações no país. E seu plano é ter no mercado brasileiro – a exemplo do que foi anunciado ontem pela companhia para a Inglaterra – uma fábrica, centros de manutenção e uma equipe de pesquisa e desenvolvimento. A meta de Nakanishi para o Brasil é quadruplicar o faturamento, para US$ 1,5 bilhão, até 2015. Para ajudar nessa meta, serão investidos US$ 300 milhões em três anos.
O Brasil integra as 11 regiões-chave escolhidas por Nakanishi para expandir negócios. A quarta maior companhia do Japão faturou US$ 121,5 bilhões no ano fiscal terminado em março deste ano.
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