Foi anunciada oficialmente na sexta (6/07), na Cinemateca Nacional,em São Paulo, durante o VI Colóquio Latino Americano de Patrimônio Industrial, o acordo de cooperação entre a Unesp e a Fundación de los Ferrocarriles de Espanha.
De acordo com o historiador Eduardo Romero de Oliveira, coordenador do Laboratório de Patrimônio Cultural da Unesp, professor do Câmpus de Rosana e vice-diretor executivo da unidade, o acordo visa a troca de informações entre pesquisadores, alunos e docentes. “Não é uma simples cópia do modelo europeu, mas sim uma forma de aprender com a gestão vigente na fundação espanhola. Através desta aproximação, poderemos rever nossa forma de pensar a preservação ferroviária nacional. Quem ganha é a educação”, pontua Romero.
Na seqüência da oficialização do convênio, foi apresentado pelo arquiteto e engenheiro Nilson Ghirardello, professor da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac), da Unesp Câmpus de Bauru, o projeto de pesquisa intitulado “Estrada de Ferro Noroeste do Brasil/Bauru, km 0”, aprovado pela Fapesp, e em andamento desde janeiro deste ano.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Nilson explica que o estudo foi motivado a partir do convênio firmado entre a Unesp e a Universidad de Sevilla. “A proposta do trabalho é inventariar, identificar, localizar, selecionar e analisar o patrimônio com sede no município. Para isso estão reunidos pesquisadores do Brasil (Unesp e Centro Paulo Souza), da Argentina (Universidad de Tucumán) e Espanha (Fundación de los Ferrocarriles de Espanha e Universidad de Sevilla).
O Intercâmbio preenche o conhecimento sobre a história e patrimônio industrial ferroviário” explica Ghirardello, que espera colher material suficiente para ajudar no processo de tombamento da ferrovia de Bauru, a qual tem apreço pessoal.
Ainda durante o Colóquio, ocorreu o VI Seminário Internacional de Preservação do Patrimônio Ferroviário, onde estudiosos puderam discutir por meio de apresentações, exposições e mesas livres o panorama atual da preservação do patrimônio nacional. Domingos Cuéllar, representante da Fundación de los Ferrocarriles de Espanha, narrou sua surpresa ao visitar pela primeira o trecho inicial da Estrada de Ferro Noroeste no Brasil. “A preservação desta ferrovia transcende a importância local, ela ganha peso nacional” exalta Cuéllar que identifica importância história e cultural na preservação industrial.
Não só a importância de conservação da chamada “cultura da industrialização” ficou em pauta durante o colóquio, mas também a necessidade de repensar um novo formato de organização para os mais de 18km de documentação levantados para estudo do projeto ferroviário de Bauru.
No Brasil, o trabalho de inventário, guarda, conservação, organização e reutilização do patrimônio ferroviário foi iniciado na década de 1970, mas muito ainda está por se fazer – seja em relação a bens edificados, objetos ou documentação.
“No caso particular das empresas ferroviárias paulistas, há diversas lacunas de pesquisa sobre o impacto social, econômico e tecnológico da ferrovia, principalmente devido à perda de documentação”, verifica Romero, que procura a partir do diálogo com a Fundación de los Ferrocarriles suprir esta lacuna de administração arquivística nacional. “O objetivo é que a educação do patrimônio industrial ganhe um novo patamar” conclui o historiador.
Seja o primeiro a comentar