O ministro Guido Mantega (Fazenda) convocou os presidentes do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nesta quinta-feira (29/01) e cobrou maior esforço para fazer deslanchar importantes projetos na área de infraestrutura.
O setor é peça-chave na estratégia do governo para reativar a economia neste ano, depois do fraco desempenho em 2012.
Segundo a Folha apurou, na primeira reunião do ano com os bancos oficiais, a ordem de Mantega foi para essas instituições mapearem as obras de maior interesse do governo e ver aonde elas podem se encaixar, financiando, se não integralmente, pelo menos alguma etapa do projeto.
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O governo está preocupado com a resistência do setor privado em acelerar a concessão de crédito –o que inclui não apenas o consumo, mas também as empresas.
Financiamento a um custo baixo é necessário para aumentar os investimentos produtivos, que garantirão maior competitividade às empresas, aumento da oferta de bens e ajudarão a conter as pressões sobre a inflação.
Na semana que vem, o ministro iniciará, em São Paulo, uma rodada de apresentações para investidores onde o foco será vender os projetos de infraestrutura como um negócio atrativo.
A ocasião é considerada ideal para os bancos abordarem candidatos de peso. Na lista de projetos que Mantega apresentará estão concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
Atratividade
A preocupação da presidente Dilma Rousseff é ter investidores de grande porte, com experiência para esses projetos.
Para isso, o governo sabe que tem que desatar alguns nós. Na área de rodovias, por exemplo, os leilões previstos para este mês estão em aberto porque o modelo proposto pelo governo não é considerado atraente para muitas empresas.
A equipe econômica tenta uma saída que ainda está sendo discutida na esfera técnica. Empresas reclamam que o governo superestimou ganhos dos projetos, o que faz com que a taxa de retorno projetada pelo governo, já considerada baixa pelo setor privado, seja, na prática, ainda menor.
Calotes
No encontro de hoje com os bancos oficiais, foi discutido também a evolução do mercado de crédito para o consumo, outro foco da área econômica. O ministro quis saber sobre o apetite das instituições privadas, depois da resistência em 2012.
Há uma expectativa dentro da área econômica que depois de assimilar os calotes decorrentes de empréstimos realizados no pós crise de 2008, os bancos privados entrarão 2013 prontos para uma nova fase de crescimento do mercado de crédito.
Mantega insiste que o modelo do setor deve ser elevar os lucros financiando um número maior de clientes a um custo menor. A aposta do governo é que, de uma forma ou de outra, os bancos terão que se render a isso, já que os juros no Brasil são menores e as aplicações em títulos públicos não são mais tão atrativas como antes.
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