Vagões abandonados pelas empresas de trens que atuam na região geram transtornos em São Carlos e Araraquara(SP). Muitos deles abrigam moradores em condição de rua. O espaço atrai também dependentes químicos para consumir drogas.
Para quem mora próximo à linha férrea, os vagões representam perigo e atenção constante. “A gente fica inseguro, porque as pessoas que vivem nos vagões ficam andando por aqui na lateral da linha, olhando as casas, para ver se tem alguém ou não”, conta o aposentado Valdemar Sígolo, que mora em Araraquara.
Em São Carlos, a Prefeitura afirmou que irá notificar a concessionária responsável pelo trecho da linha férrea, a América Latina Logística (ALL), para a retirada das máquinas e a limpeza dos trilhos, segundo o procurador geral do município, Waldomiro Antônio Bueno de Oliveira.
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Em nota, a ALL diz ter total interesse na remoção dos vagões, “mas a empresa precisa de autorização para esse processo, já que o material obsoleto é de propriedade da União”.
Patrimônio
Além desses transtornos, o abandono dessas composições afeta o patrimônio da história das ferrovias. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), dos mais de 12 mil vagões e locomotivas fora de operação no país, 17% se encontram na região.
Segundo o representante da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), Geraldo Godoy, alguns projetos para revitalizar os trens já foram criados, mas nenhum foi posto em pratica. Restaurar os vagões pode custar entre R$ 80 mil e R$ 200 mil cada.
Como forma de preservar esta memória, a ABPF foi escolhida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para realizar o levantamento das ferrovias em todo o país. Uma parceria com o governo federal criou o projeto “Trens do Brasil”, que vai mapear todo o maquinário abandonado no país, a partir deste mês, e reformar esses equipamentos.
“Nossos pesquisadores já estão em campo para começar esse trabalho de grande importância. Nós vamos localizar todo o material ferroviário, ou seja, locomotivas a vapor, diesel, elétricas, carros de passageiros, vagões, guindastes e tudo o que tem interesse histórico”, conta Godoy.
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