Em meio à perda do status de “queridinho” no mercado internacional, com o fraco desempenho da economia nos últimos dois anos, o governo brasileiro inicia hoje um giro de altos funcionários no exterior para atrair investidores aos programas de concessões de infraestrutura anunciados recentemente pela presidente Dilma Rousseff.
Quase 350 executivos se inscreveram para a primeira parada do giro fora do país, em Nova York, que será liderada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Na sexta-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, comanda uma apresentação semelhante, em Londres. O governo tem a intenção de fazer um ou dois eventos na Ásia – em Tóquio e talvez em Cingapura -, em datas ainda indefinidas, provavelmente em abril. O “road show”, que começou com um seminário em São Paulo e já teve uma apresentação prévia a embaixadores estrangeiros em Brasília, deverá incluir uma videoconferência com investidores da Rússia e uma visita de chineses ao Brasil.
O diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Itamaraty, Rubens Gama, disse que o interesse dos investidores no seminário em Nova York superou as previsões do governo. “Mesmo sendo uma cidade com certa fadiga de eventos, a procura foi bem maior do que a nossa expectativa”, afirmou Gama. Segundo ele, bancos, fundos de investimentos e fundos soberanos terão forte participação no evento. “Estão inscritas também empresas de consultoria, advogados, representantes do Canadá, da China e empresas de petróleo e gás instaladas em Houston”, disse o diplomata
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Mantega e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, vão fazer uma apresentação geral sobre a economia brasileira e detalhar as condições de financiamento para o programa de concessões. Depois, um grupo de altos funcionários falará aos investidores. O presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, explicará os programas de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Maurício Tolmasquim, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mostrará as oportunidades em novas usinas e linhas de transmissão.
As oportunidades na 11ª rodada de petróleo e gás, que deverá ocorrer em maio, serão apresentadas por uma dupla formada pela diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, e pelo secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida. Eles também vão falar sobre o primeiro leilão do pré-sal e sobre a licitação voltada à exploração de gás não convencional.
“Queremos atrair maior presença de estrangeiros nos leilões”, afirmou Bernardo Figueiredo, lembrando a dimensão dos pacotes de logística: R$ 133 bilhões de investimentos em rodovias e ferrovias, R$ 54,2 bilhões em portos e R$ 11,4 bilhões só nos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG), sem incluir o pacote de aviação regional.
As concessões mobilizam não apenas empresas interessadas em participar dos consórcios, mas instituições que deverão reforçar sua atuação na área de financiamento. É o caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD), banco português, que já esta presente no Brasil, mas que pretende ampliar sua participação com o programa de concessões. A CGD pretende atuar como agente financiador dos projetos de infraestrutura, como estruturadora do lançamento de debêntures ou dívida subordinada e prestando assessoria financeira nos leilões.
Para Maurício Xavier, vice-presidente do banco no Brasil, o volume de investimentos nas concessões é tão alto que exigirá diversificação das fontes de crédito, mesmo que o BNDES continue exercendo papel preponderante.
“A entrada de novas fontes de recursos é necessária e vai acontecer diante do tamanho dos investimentos. Temos visto uma migração do modelo de capital próprio e financiamento de longo prazo para um modelo com várias fontes de recursos, passando por financiamento subordinado e dívida conversível”, disse Xavier.
Seja o primeiro a comentar