A presidente Dilma Rousseff leva a seu encontro com a presidente argentina, Cristina Kirchner, amanhã, em Buenos Aires, uma agenda positiva que inclui negociações para eliminar os atritos comerciais entre os dois países. O Brasil deve oferecer financiamento em torno de US$ 1,5 bilhão para obras na linha férrea de Sarmiento, uma das principais obras de infraestrutura em planejamento na Argentina, com participação da Odebrecht. O financiamento é uma das demandas do governo argentino, que quer ainda recursos do BNDES para construção de duas usinas interligadas, um investimento de US$ 5 bilhões no qual Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e Camargo Correa já mostraram interesse em concorrer com empresas russas e chinesas.
Dilma deve buscar do governo argentino garantias de que não haverá retaliação contra a Vale, como multas excessivas ou retomada da mina de potássio sem indenização. Sem apresentar a iniciativa como uma barganha, o governo brasileiro pretende chamar atenção para os negócios que podem receber apoio conjunto. O ânimo da reunião não é de conflito, diz um assessor de Dilma.
Dilma leva uma lista de reivindicações e uma das principais é o fim da exigência da Declaração Juramentada de Importações (Djai) para os sócios do Mercosul. O documento tem servido de entrave burocrático às importações da Argentina. Já os argentinos querem mudanças no regime automotivo para estimular a instalação de fábricas de autopeças no país.
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Estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que o fim das licenças não automáticas de importação impostas pela Argentina foi anulado pelas dificuldades criadas pelas Djai, hoje o principal mecanismo argentino de controle das importações. A Fiesp registrou atrasos na aprovação da declaração nos setores de autopeças, têxteis, alimentos, cerâmicas, tintas e químicos. Alguns produtos estão há mais de 400 dias sem conseguir entrar no mercado argentino. O estudo também constatou que a perda de espaço pelos brasileiros foi preenchida em parte por produtos chineses.
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