Os acidentes envolvendo pedestres e carros na linha férrea na área urbana são uma preocupação constante na região noroeste paulista. A ferrovia corta a área urbana de várias cidades causando transtornos e perigo, como em São José do Rio Preto (SP). Uma ação do Ministério Público Federal pede que a empresa concessionária tome providências.
A pé, de bicicleta ou de moto, todos têm que atravessar os trilhos que cortam a cidade de Santa Fé do Sul (SP). A passagem também é o caminho de muitas crianças que vão à escola. Algumas desacompanhadas dos pais. Não existe cancela nem sinalização.
Os moradores ignoram um túnel que passa por baixo da linha férrea. O motivo segundo eles é que o local é perigoso e frequentado por usuários de drogas. “Muitas pessoas usam drogas no local e é perigoso, alguns andarilhos também ficam no lugar sentados, eu sozinha não passo por ali”, afirma a dona de casa Jacira de Oliveira.
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No mês passado, uma mulher que tentava atravessar os trilhos perdeu as duas pernas. A dona de casa Ivonete Venturolli, 43 anos, ainda se recupera do acidente na Santa Casa da cidade. Ela voltava de um curso quando resolveu passar entre os vagões, mas a composição que estava parada começou a se movimentar. “Era uma brecha de nada, quando eu entrei, vi que ele arrancou aí eu deitei, mas não deu tempo de sair”, diz.
Acidentes em cruzamentos onde existe a linha férrea são comuns na região noroeste paulista. O Estado de São Paulo é o que tem o maior número de cidades cortadas por linhas férreas: ao todo mais de 200. Em Bálsamo (SP), um carro foi arrastado por um trem na área urbana. O motorista disse à polícia que o veículo afogou quando passava pelos trilhos. O dono do carro não se feriu e, no local do acidente, não há cancela, apenas sinalização.
Em Rio Preto, a passagem do trem também causa transtornos para pedestres e motoristas no centro da cidade. Os constantes acidentes levaram a procuradoria federal a mover uma ação contra a empresa que administra a malha ferroviária no interior paulista. O processo que tramita na justiça cobra melhorias no trecho que corta boa parte do estado. “As concessionárias precisam se conscientizar que exploram uma atividade pública e inclusive a conservação é necessária uma vez que o bem foi concedido e quando for devolvido para a União deve ser devolvido na forma que foi encontrado. E cada quilômetro de ferrovia passa dos R$ 2 milhões para recompor. E hoje mais da metade da malha é só sucata”, afirma o procurador da República Thiago Lacerda Nobre.
A justiça já concedeu uma liminar ao procurador da República exigindo melhorias imediatas. A ALL, América Latina Logística, que é a concessionária das ferrovias na região, informou em nota que está cumprindo todas as determinações do Ministério Público. Ainda segundo a ALL é de responsabilidade dos municípios implantar, manter e operar o sistema de sinalização, dispositivos e os equipamentos de controle dos veículos que passam pela linha férrea.
O Ministério dos Transportes afirmou que os trabalhos para retirar os trilhos de cidades como Rio Preto estão em fase de estudos para serem incluídos no PAC, o Programa de Aceleração de Crescimento.
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