A construção do trecho da ferrovia Norte-Sul no estado deverá fazer parte da segunda edição do Programa de Investimento em Logística (PIL) do governo federal. A notícia foi dada pelo diretor de operações da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A, Bento Lima, na audiência pública sobre a situação das concessões do transporte ferroviário no estado e a implementação da Ferrovia Norte-Sul, que lotou o Plenarinho da Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (22).
A audiência foi proposta pelo deputado Raul Carrion (PCdoB). Houve a participação de 18 deputados estaduais, três deputados federais, prefeitos e vereadores, além de representantes da Federasul, da Famurs, do Sindicato dos Ferroviários e da Fiergs. O secretário de Infraestrutura e Logística do RS, Caleb de Oliveira, representou o governador Tarso Genro. A senadora Ana Amélia Lemos (PP) enviou representação ao debate.
Segundo Bento Lima, no momento, o trecho de 550 Km entre Chapecó (SC) e Rio Grande (RS) passa por em estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental de traçado. “Não é interessante para a economia recuperar novos traçados e sim modernizá-los”, destacou. Ele acrescentou, ainda, que estão sendo estudadas ligações com Uruguaiana e Argentina, para integração com o Mercosul. De acordo com a engenheira Zélia de Azevedo, da STE, empresa que fará os estudos, a comunidade será ouvida para a definição do traçado.
Entre os encaminhamentos do debate, está a realização de uma nova audiência pública sobre o tema e audiências em municípios interessados pelo tema para subsidiar os estudos da STE.
Carrion informou também irá solicitar uma reunião, em Brasília, com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que tem por finalidade estruturar e qualificar, por meio de estudos e pesquisas, o processo de planejamento integrado de logística no país, interligando rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias. Além disso, a Frente Parlamentar das Ferrovias levará o resultado da audiência ao conhecimento do governador Tarso Genro, em reunião agendada para a próxima quarta-feira.
Ferrovias sucateadas
O Rio Grande do Sul, conforme o diretor da Valec, é um dos estados que menos investe em transporte de cargas por ferrovia. “O estado representa apenas 8,8% na matriz ferroviária nacional, sendo que a participação média dos estados é de 25% a 26%”, informou. Em contrapartida, de acordo com o deputado Raul Carrion, mais de 80% do transporte de cargas do Rio Grande do Sul é feito por caminhões. “Isso não é nada econômico”, acrescentou.
Além de escasso, o transporte ferroviário no RS sofre sucateamento, segundo a procuradora Lara Caro, do Ministério Público Federal, que analisa o contrato com a América Latina Logística (ALL), concessionária responsável pela manutenção das ferrovias. Carrion denunciou o descaso da concessionária, que desativou ramais, contrariando o contrato. “Eles pegaram tudo, mas ficaram apenas com o filé e jogaram os ossos fora. Esse descumprimento do contrato é inaceitável”.
O superintendente de Ferrovias da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jean Mafra, garantiu que o órgão vem atuando na fiscalização do contrato de concessão com a ALL. Segundo ele, a concessionária recebeu 120 autuações só na malha sul e já há uma determinação da agência para que a empresa recupere os danos ao bem público.
O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Caleb de Oliveira, acrescentou que o governo do Estado irá licitar até o final do ano um estudo da matriz produtiva do Rio Grande do Sul, no qual deverá ser apontada, também, a demanda de transporte para distribuição da produção. “Existe um grande esforço para dotar o RS de infraestrutura para dar sustentação a um processo de desenvolvimento continuado”, disse.
Leia Também:
Demora das obras da FNS causa problemas em Goiás
Seja o primeiro a comentar