A Brado Logística, empresa de transporte ferroviário de contêineres, ganhou um novo sócio, o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo Indeterminado de Serviço (FI-FGTS), da Caixa Econômica Federal. Com um aporte de R$ 400 milhões na companhia, o fundo passou a ter 22,22% de participação em seu capital. Controlada pela ALL, com 62,22%, a Brado tem ainda a participação da Standard Logística, que agora fica com 15,56%.
Com os recursos, que dão musculatura à empresa, como definiu Eduardo Fares, diretor de produtos industrializados da ALL, a Brado pretende alavancar sua atuação na logística brasileira e conquistar um espaço que atualmente é detido pelo transporte rodoviário.
Atualmente, a companhia é a única empresa de logística ferroviária independente – ou seja, que não possui concessões – a transportar contêineres por ferrovias no Brasil. Sua meta é quadruplicar sua presença e chegar a uma participação de 12% no mercado de transporte de contêineres brasileiro. Hoje, 97% do volume é transportado por rodovias.
Umas das possibilidades consideradas para alavancar seu crescimento é a aquisição de empresas que façam serviços complementares ao seu na cadeia da logística de ferrovias, segundo Jose Luis Demeterco Neto, presidente executivo da companhia. A princípio, entretanto, os recursos deverão ser utilizados para investimentos em terminais ferroviários, vagões e locomotivas, de acordo com o executivo.
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Hoje este é o destino [do capital], mas vamos analisar com mais clareza as oportunidades que temos. Temos acontecimentos importantes no setor, como a entrada de Rondonópolis e ampliações em terminais, disse, em referência à expansão de um ramal ferroviário na cidade do Mato Grosso, que deve ser inaugurado neste mês.
Criada em abril de 2011, a Brado estava em busca de um parceiro investidor há cerca de dois anos, e o aporte da Caixa vinha sendo negociado há um ano. A empresa foi assessorada pela TozziniFreire Advogados. Neste período, a empresa vinha concentrando seus esforços para se transformar de um projeto em uma empresa rentável. Agora, os R$ 400 milhões obtidos com o novo sócio se somam ao R$ 1 bilhão que a empresa já havia informado que pretendia investir nos próximos cinco anos. Desde o que foi constituída, a Brado investiu R$ 250 milhões.
Pesou na decisão do fundo, segundo Fabio Cleto, vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, o potencial de retorno da empresa, que ele considera elevado, a experiência de seus executivos em logística, o fato de a ALL ser acionista e os bons resultados que a empresa vem apresentando. A Brado tem potencial para crescer dois dígitos ao ano nos próximos dez anos, disse ao Valor.
A receita cresceu 23,4% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2012, passando de R$ 54,4 milhões para R$ 67,1 milhões. O lucro da empresa cresceu 18,8%, para R$ 1,9 milhão, e a geração de caixa operacional (Ebitda) aumentou 18,5%, para R$ 10,3 milhões. Em volume transportado, o aumento foi de 47,9% na mesma base de comparação, para 392 milhões de toneladas por quilômetro útil (TKU).
Cleto afirmou ainda que a gestão do fundo FI-FGTS considera que o Brasil precisa de operadores logísticos que consigam maior eficiência operacional.
Apesar de ser considerado pela ALL o seu principal projeto no momento, a Brado tem participação pouco significativa nos números da empresa. No primeiro trimestre deste ano, foi responsável por 7,5% das receitas totais da ALL, de R$ 890 milhões. A expectativa da companhia é de elevar esse número.
Segundo Fares, o segmento de transporte ferroviário por contêineres é um dos próximos grandes vetores para a ALL. Ele destacou que a Brado tem entre suas vantagens a realização de um transporte de contêineres de maior segurança, o fato de ser um negócio competitivo e mais sustentável. A Brado terá cada vez mais presença em nossa base de volume.
O fundo FI-FGTS poderá fazer um novo aporte na companhia caso seja necessário no futuro. Isso se a empresa superar as expectativas e seus gestores considerarem interessante, afirma Cleto. Hoje, o fundo tem R$ 24 bilhões investidos, sendo cerca de 20% em logística, incluindo portos, rodovias, hidrovias e ferrovias.
FGTS fará aporte de R$400 milhões na Brado
A ALL informou nesta quarta-feira que o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) fará um aporte de capital em sua subsidiária Brado Logística e Participações de 400 milhões de reais.
Assim, como resultado da capitalização, a ALL terá 62,22 por cento do capital da Brado, enquanto os antigos acionistas da Standard Logística passarão a deter 15,55 por cento e o FI-FGTS, 22,22 por cento, segundo fato relevante.
De acordo com o documento, a Brado investirá os recursos em infraestrutura de transporte e logística intermodal (ferrovia, rodovia e porto), com o objetivo de ampliar sua capacidade e aumentar sua participação no mercado.
Caso a Brado não faça uma oferta pública de suas ações, o FI-FGTS poderá fazer um swap de suas ações de emissão da Brado por ações de emissão da ALL, com base no valor econômico das duas empresas na data da troca, disse a companhia.
O eventual exercício desse direito de liquidez pela Standard só poderá ocorrer entre abril de 2014 a abril de 2016, e pelo FI-FGTS entre junho de 2018 e junho de 2020.
Caso a Standard Logística exerça este direito de swap haverá um ajuste no valor pago pelo FI-FGTS pela capitalização.
Nesta hipótese, o FI-FGTS passará a valorar a Brado em 1,35 bilhão de reais pré-capitalização, e receberá ações de emissão da Brado suficientes para passar a ter participação acionária total correspondente a 22,85714 por cento do seu capital social, diluindo proporcionalmente os demais acionistas, acrescentou o fato relevante.
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