“Hoje, mesmo pequeno, o sistema de transporte de passageiros sobre trilhos retira, diariamente, um milhão de carros e 14 mil ônibus de circulação no país”. Com essa comparação, o diretor de planejamento da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Conrado Grava de Souza, resumiu a importância do transporte ferroviário brasileiro. Ele participou do IV Encontro de Ferrovias, evento encerrado nesta quinta-feira (9) em Vitória (ES).
Promovido pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o evento reuniu especialistas para discutir caminhos e propor soluções necessárias ao progresso das ferrovias. Souza, por exemplo, disse que um dos maiores diferenciais desta área, em comparação a outros modais, é a sustentabilidade. “Este modelo tem muito a contribuir para a qualidade ambiental das nossas cidades, o sistema emite, em média, 60% menos gás carbônico”, destacou.
Além disso, o sistema é mais seguro, evita acidentes de trânsito e economiza o tempo perdido em engarrafamentos. Segundo Souza, das 62 médias e grandes regiões metropolitanas no país, apenas 12 delas possuem algum tipo de transporte de passageiros sobre trilhos. “As metrópoles estão crescendo e isso exige mais planejamento e um olhar mais cuidadoso para a questão da mobilidade. É preciso ampliar a opção pelo modo metroferroviário”, argumentou.
O representante da ANPTrilhos também destacou que o Brasil tem capacidade para dobrar a sua malha metroferroviária de passageiros nos próximos cinco anos – atualmente, a média é de uma transporte diário de 9 milhões de pessoas. “Não deve existir, em um futuro próximo, nenhuma média ou grande cidade que não tenha o trilho como seu principal estruturador. Nossa malha não está crescendo com a demanda. Transportamos mais gente, mas com a mesma infraestrutura”, explicou.
Tecnologia
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, apresentou aos participantes do evento os avanços da indústria de construção de locomotivas, vagões, componentes e serviços ferroviários. Segundo ele, R$ 1,5 bilhão foi investido, nos últimos dez anos, na modernização da área. O objetivo é melhorar a produtividade dos veículos e incentivar pesquisa e desenvolvimento, com tecnologia de ponta e sinergia entre as concessionárias.
Abate afirmou que o setor está cada vez mais moderno – locomotivas com menor consumo de combustível, maior capacidade de carga e, nos casso dos carros de passageiros, que oferecem maior conforto e segurança para os usuários, por exemplo. Em relação aos avanços e inovações tecnológicas, também citou casos de vagões capazes de dobrar a capacidade de cargas e carregar mais toneladas de açúcar e fertilizantes.
Ele destacou que confia no desenvolvimento do setor ferroviário para os próximos anos. Até 2025, com os recursos previstos pelo Programa de Investimentos em Logística (PIL) – R$ 91 bilhões – a expectativa é que a matriz de transporte brasileira registre participação de 25% do modal ferroviário. A malha atual, de 30 mil km, será somada aos cinco mil km em construção e a outros 11 mil km previstos no PIL.
Seja o primeiro a comentar