Menos de dois anos depois do acidente de trem que matou 52 pessoas na Estação Onze, no centro de Buenos Aires, um novo choque no mesmo local deixou pelo menos 80 feridos na manhã deste sábado. A composição não conseguiu frear e se chocou com a barreira de contenção, no fim da linha, parando a três metros das roletas. Cinco pessoas foram resgatadas em estado grave. Após o acidente, o Ministro de Interior e Transporte afirmou que o trem chegou à estação com quase o dobro da velocidade permitida. Segundo testemunhas, o maquinista teria cochilado.
Florencio Randazzo, ministro de Interior e Transporte, descartou problemas técnicos e advertiu para a velocidade que o trem chegou ao final da linha, na estação Once – a 22 km/h, um pouco menos que o dobro da média. Cem pessoas viajavam na composição.
– A 900 metros dali, onde a velocidade média é de 37 km/h, o trem passou a 48 km/h. E a 300 metros, estava a 36 – afirmou o ministro em breve entrevista na Casa Rosada.
De acordo com o site do jornal argentino “La Nación”, o maquinista, identificado como Julio Benítez teria tentado roubar o disco com as imagens registradas pelas câmeras de segurança da estação. O objeto foi encontrado em sua mochila, dobrado e sujo de sangue. Segundo Sergio Berni, secretário de Segurança da capital argentina, Benítez, que se feriu no acidente, está no hospital sob a custódia da polícia. Ele, no entanto, reconheceu que ainda é cedo para saber porque o comboio não parou.
Já Randazzo não descartou uma sabotagem, hipótese lançada pela manhã pelo dirigente kirchnerista Luis D’Elía. Testemunhas contaram à rede de TV C5N que o maquinista vinha cochilando. Ele foi alvo de pedras e insultos.
– Quando nos aproximamos para pedir explicações, vi que estava estirado na cabine, veio a polícia, atiraram pedras e xingaram o maquinista. Ele foi socorrido pelos bombeiros – contou um passageiro identificado como Julio ao “La Nación”.
O primeiro vagão do trem colidiu com a barreira na estação, avançando 15 metros. Ele acabou parando preso entre o chão e o teto da plataforma, onde muitas pessoas que esperavam para embarcar foram atingidas por estilhaços de vidro das janelas da composição. Uma das hipóteses é que os freios não tenham funcionado.
– Teve gente que voou com o impacto. Há gente nervosa, feridas, ensanguentadas – contou um homem que testemunhou o acidente.
Este é o quarto acidente grave envolvendo os trens argentinos em menos de dois anos. A linha Sarmiento, percorrida pelo trem, é uma das mais movimentadas de Buenos Aires, e os vagões costumam ficar lotados. Por sorte, porém, o acidente ocorreu ainda cedo na manhã deste sábado, quando o movimento é menor.
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