As mineradoras MMX e Vetria, empresa pré-operacional controlada pela América Latina Logística (ALL) e que também tem a participação da Triunfo e da Vetorial, estão avançando nas negociações sobre os ativos da companhia do grupo EBX no Centro-Oeste.
As discussões entre as duas partes envolvem a mina da MMX em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, que produziu no último ano 1,4 milhão de toneladas de minério de ferro. O interesse da Vetria é criar sinergias com seu plano atual, que prevê a extração em outra mina de Corumbá.
Para a MMX, a venda de seus ativos na região interessa porque, dentre outros motivos, o projeto possui custos operacionais elevados e uma logística considerada “complicada”. O escoamento da produção é feito por barcaças, carregadas no Porto de Ladário, a cerca de 20 quilômetros da mina. O carregamento segue por rios até a Argentina, de onde o minério é embarcado em navios e exportado para, principalmente, Europa e China. Em Corumbá, a MMX produz, principalmente, o minério do tipo Lump, que é transformado em ferro-gusa.
“É uma produção pequena e que demanda um grande esforço principalmente em manter uma estrutura a uma longa distância”, informou recentemente ao mercado o diretor-presidente da MMX, Carlos Gonzalez, por meio de teleconferência.
Apesar de ser visto como complicado, a MMX defende que o ativo é atraente para compradores. “É um projeto interessante, ele é operacional, possui as licenças, gera resultados, mas que, neste momento, para a MMX ele não atende a esta estratégia de foco”, disse o executivo da mineradora de Eike Batista, elencando como prioridade da empresa o projeto de Serra Azul.
As companhias de capital aberto envolvidas – ALL, Triunfo e MMX – já haviam divulgado anteriormente ao mercado que tinham iniciado as negociações sobre os ativos. A MMX informou, na sexta-feira, que “a negociação está em andamento, mas a companhia não pode dar mais detalhes.”
A Vetria ainda não foi capitalizada e deve receber um ou mais sócios para dar conta dos investimentos iniciais estimados em R$ 11 bilhões. Isso inclui aportes na mina, na ferrovia, na compra de vagões e locomotivas e na construção de um terminal portuário para o escoamento do minério de ferro.
Seu interesse está menos na criação de uma reserva de minério e mais em gerar sinergia, produzindo mais com a infraestrutura que já será desenvolvida para transportar cargas próprias.
Hoje, a ferrovia já transporta o minério de Corumbá para Santos, mas ela será remodelada para transportar o volume previsto no projeto. Serão trocados os trilhos e dormentes, ampliados 85 pátios e outras obras. Já o terminal portuário da Vetria terá capacidade estática de 1,6 milhões de toneladas.
A Vetria pretende produzir um milhão de toneladas ao ano no começo da operação e, na plena capacidade, elevar o número para 30 milhões. Toda essa produção seria escoada por meio de ferrovia até o porto de Santos, no litoral paulista. Para isso, a ALL elaborou uma parceria com a Vetorial e com a Triunfo Participações e Investimentos (TPI). A ALL tem 50,4% da Vetria, a Vetorial Participações fica com 33,8% e a Triunfo, com 15,8%
Em geral, as aquisições comandadas pela ALL costumam envolver troca de ativos, e não dinheiro em caixa. Mas isso não deve ocorrer com a MMX.
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