A Vale deve apresentar amanhã, antes da abertura do mercado, resultados mais fracos para o primeiro trimestre do ano na comparação com igual período de 2013, segundo projeções de sete bancos e corretoras ouvidas pelo Valor. O desempenho será influenciado, sobretudo, pelos preços mais baixos do minério de ferro. Tradicionalmente, em função da sazonalidade, o primeiro trimestre costuma ser menos intenso para a Vale. É a época da temporada de chuvas com efeitos negativos sobre a produção de minério de ferro, manganês e cobre, no Brasil, e de carvão, na Austrália e em Moçambique.
As sete casas de análise consultadas projetam, em média, receita líquida de US$ 10,95 bilhões de janeiro a março deste ano, em linha com o número do primeiro trimestre do ano passado. O consenso aponta ainda para um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 4,79 bilhões, abaixo dos US$ 5,2 bilhões de igual período de 2013. E o lucro líquido previsto pelos analistas ficou, também na média, em US$ 2,67 bilhões, 14% abaixo dos US$ 3,1 bilhões realizados entre janeiro e março de 2013.
Entre os bancos, o Goldman Sachs previu a maior receita líquida para a Vale no primeiro trimestre, de US$ 11,63 bilhões. Já a menor estimativa para a receita da mineradora coube ao Bradesco, de US$ 10,34 bilhões. O Grupo Bursátil Mexicano (GBM) previu o maior Ebitda para o trimestre, de US$ 5,11 bilhões. A previsão mais baixa para o Ebitda, por sua vez, coube ao Itaú BBA, de US$ 4,4 bilhões. A Brasil Plural apontou a maior previsão para o lucro líquido da Vale entre janeiro e março, de US$ 3,3 bilhões. A projeção mais baixa para o lucro, na faixa de US$ 2 bilhões, partiu de uma instituição financeira que não quis ser identificada.
Os analistas Rodrigo Garcilazo e Mariana Bertone, do GBM, previram que os preços mais baixos para o minério de ferro devem impactar levemente as margens da companhia. Eles afirmam em relatório que os preços do minério de ferro apresentaram uma tendência de queda no primeiro trimestre atingindo o piso de US$ 104,7 por tonelada em 10 de março, o mais baixo nível de preço desde 17 de setembro de 2012. “Como resultado, esperamos que o preço efetivo [realizado pela Vale] seja de US$ 100,8 por tonelada neste trimestre [janeiro-março], queda de 9,7% em relação ao ano anterior.”
O banco mexicano previu que a queda no preço do minério de ferro realizado pela Vale deve ser compensada por um aumento nas vendas da commodity. O GBM prevê vendas de 78,5 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre ante 65,1 milhões de janeiro a março de 2013. Os analistas não veem muito espaço para cortes de custos, além dos que a companhia já vem fazendo.
Para o analista Marcos Assumpção, da corretora Itaú BBA, a Vale deve apresentar resultados operacionais mais fracos no primeiro trimestre por força da sazonalidade, que se traduz em menores volumes de produção de minério de ferro, e dos preços da matéria-prima. Em relatório, o Itaú BBA previu que a Vale deve apresentar receita líquida de US$ 10,6 bilhões, Ebitda de US$ 4,4 bilhões e lucro líquido de US$ 2,74 bilhões.
“Prevemos volumes [de venda] de 70,4 milhões de toneladas, incluindo finos e pelotas, abaixo dos 85 milhões de toneladas do quarto trimestre de 2013”, escreveu Assumpção. Ele estimou ainda preços médios para os finos de minério de ferro de US$ 96,3 por tonelada no primeiro trimestre. E de US$ 136,3 por tonelada, em média, para as pelotas. “Esperamos que os preços sejam negativamente afetados por preços mais baixos no spot [mercado à vista] e preços futuros”, disse Assumpção no relatório.
Já a Brasil Plural previu em relatório assinado por Renato Antunes, Paulo Valaci e Milton Sullyvan que a Vale deve apresentar um resultado marginalmente mais fraco no primeiro trimestre deste ano, sobretudo como consequência dos preços mais baixos do minério de ferro. O banco previu receita líquida de US$ 10,6 bilhões e Ebitda de US$ 4,6 bilhões. O Goldman Sachs previu, por sua vez, US$ 11,63 bilhões de receita líquida para a Vale no primeiro trimestre, além de US$ 5 bilhões de Ebitda e US$ 2,93 bilhões de lucro líquido.
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