Relatório técnico divulgado na última semana pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) aponta risco de fissuras em dois viadutos do conjunto de obras para implantação do metrô de superfície Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Grande Cuiabá. O risco foi constatado nas estruturas que sustentarão a via permanente de trilhos na avenida João Ponce de Arruda, em frente ao Aeroporto Marechal Rondon, e na avenida Fernando Corrêa da Costa, no trecho de acesso ao campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Técnicos do tribunal apontaram a inexistência de juntas de dilatação dos trilhos instalados nos dois viadutos, tanto no da UFMT quanto no que se localiza em frente ao aeroporto, em Várzea Grande, cidade da região metropolitana de Cuiabá.
As juntas são espaços propositalmente deixados entre partes da mesma estrutura a fim de que os materiais possam se movimentar ou se expandir por dilatação térmica sem comprometer a totalidade da obra. A ausência desse espaço é fator que propicia a ocorrência de fissuras na estrutura.
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Segundo os técnicos do TCE, os dois viadutos possuem juntas de dilatação nas estruturas de concreto, mas os mesmos espaços inexistem nos trilhos – os quais deveriam seguir a mesma lógica das juntas de dilatação do concreto.
“Tal patologia impedirá a livre movimentação da estrutura de concreto, causando-lhe fissuras”, prevê o relatório técnico do tribunal.
Como evidência desse risco, os técnicos anexaram ao relatório a imagem de uma fissura aparentemente leve, mas já visível, no concreto do viaduto do Aeroporto.
“O viaduto da UFMT encontra-se também concluído e apresentando a mesma patologia observada no viaduto do Aeroporto”, complementam os técnicos no relatório.
No viaduto da UFMT, batizado de Jornalista Clóvis Roberto, a mesma falha já havia sido identificada no ano passado, antes mesmo de sua inauguração. Avaliação feita pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) apontou que as juntas de dilatação haviam sido mal executadas, de forma que já estavam provocando o aparecimento de fissuras no concreto e comprometendo a sustentação da estrutura elevada.
Além disso, o Crea confirmou problemas que comprometiam a vazão de água da chuva e de acabamento da obra, já evidentes a olho nu. Neste aspecto, as principais falhas estariam na passarela para pedestres. Em dezembro, antes de inaugurar a obra, o Consórcio VLT, responsável pela execução, informou que estava corrigindo as falhas.
Em resposta, a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) informou que todo e qualquer defeito constatado na execução do projeto do VLT será corrigido graças a uma garantia vigente sobre a obra.
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