O prefeito de Sarandi, Carlos Alberto de Paula Júnior (PDT), determinou ontem à sua Procuradoria Jurídica que estude uma forma de acionar na Justiça a empresa América Latina Logística (ALL), concessionária da linha férrea que corta a cidade. Segundo ele, em praticamente todos os dias o trem para no centro da cidade e causa um transtorno enorme para quem mora ou precisa transitar pela zona sul da cidade.
Na quinta-feira e ontem o prefeito foi pessoalmente verificar o problema que há tempos é objeto de reclamações de moradores da zona sul. Composições com cerca de 70 vagões permanecem entre 40 minutos e 1 hora paradas ao lado da Praça da Juventude, geralmente entre as 11h30 e o meio-dia, e quase sempre travam o trânsito de veículos e pedestres nas duas únicas vias que dão acesso ao centro da cidade, as ruas José Munhoz e Atílio Salvalágio.
“Por causa de um trem parado, a cidade é prejudicada, as pessoas que precisam circular não podem passar, os ônibus não podem cumprir seus horários e até as crianças que saem da escola não podem chegar às suas casas”, esbravejou o prefeito. Ele disse temer que uma ambulância ou uma viatura da polícia precise chegar urgente em algum ponto e tenha que permanecer esperando o trem sair.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
De Paula disse que vai recorrer à Justiça como forma de obrigar a ALL a tomar providências. Afinal, os trens da empresa apenas passam por Sarandi, não contribuem em nada com o município e ainda causam transtornos. “Já cansamos de pedir à empresa para que simplesmente passe pela cidade, sem causar problemas, mas ela continua ignorando que as pessoas que moram aqui precisam das ruas livres, principalmente na hora do almoço”.
O motorista Sancio Fernandes Anselmo, que trabalha em Maringá e vai a Sarandi para almoçar, diz que “entra pelos fundos” da cidade, pela rua Angelo Perini, porque prevê que o trem estará parado e quem entrar na cidade pela BR-376 não conseguirá chegar à zona sul. “Eu trabalho no centro e vou almoçar em casa preocupada, quase sempre certa de que não conseguirei chegar na hora”, disse uma funcionária da prefeitura. “Se o trem não estiver parado, chego em casa em 10 minutos”, disse.
Culpa dos vândalos
Por meio de sua assessoria de Imprensa em Curitiba, a América Latina Logística explicou a O Diário que o interesse da empresa é passar pela cidade sem causar problemas, porém os trens param porque na área urbana o tráfego é em baixa velocidade e vândalos aproveitam para subir nos vagões e acionar o dispositivo que desengata os vagões. Isto, segundo a empresa, aciona um dispositivo que faz o trem parar. As rodas ficam travadas e o trem só pode se movimentar depois que o destravamento é feito por um técnico especializado, que precisa deslocar-se de Maringá até o local em que estiver a composição. “Este tipo de incidente ocorre em várias cidades cortadas pela linha férrea, mas em Sarandi há maior constância”, informou a empresa.
Em Cabira, próximo a Jandaia do Sul, o prefeito Maurílio dos Santos (PRB) está sendo pressionado pela Câmara para exigir que a ALL adote algumas medidas de segurança e faça a conservação dos trilhos. Segundo o vereador Ruan Cardinal Rinaldo, o Ruan da Pak (PSC), “a ALL está esquecendo a segurança das pessoas, vemos constantes descarrilamentos de vagões e a cidade acaba vivendo o problema”.
Em Jandaia do Sul aconteceram 6 acidentes envolvendo composições da ALL e caminhões em apenas um mês, todos no mesmo lugar. O prefeito Dejair Valério, o Carneiro da Metafa (PSDB), convocou uma reunião com representantes da empresa nesta semana para discutir a segurança do local, mas ninguém da ALL compareceu.
Seja o primeiro a comentar