Em meio a um processo de fusão com a Rumo (do grupo Cosan), ainda sob análise das autoridades, o grupo de ferrovias América Latina Logística (ALL) registrou lucro líquido de R$ 37,6 milhões no terceiro trimestre de 2014, o que representa uma queda de 55,5% contra o mesmo período de um ano antes. A retração ocorreu mesmo com uma receita líquida maior e foi influenciada principalmente pela demanda limitada em volumes, além de custos maiores e uma perda financeira mais forte.
A receita líquida consolidada foi de R$ 992,2 milhões, uma expansão de 5,2% na mesma base de comparação. Influenciaram esse número principalmente as operações ferroviárias, com aumento de 4,4% no volume. Mas os ganhos foram limitados por uma tarifa média 3,1% mais alta que um ano antes. Segundo a ALL, o aumento tímido das tarifas foi suportado pelos contratos de longo prazo, já que os de curto prazo sofreram influencia da procura mais fraca por transporte. Como a demanda caiu bruscamente, a pressão natural sobre os preços de frete no mercado spot não ocorreu, levando a uma queda de preço, afirmou a ALL em comunicado.
A pouca demanda levou os preços spot a caírem cerca de 25% no corredor de Bitola Larga (Mato Grosso a Santos) contra um ano antes e mais de 13% em algumas origens do corredor Paraná – seus dois principais corredores agrícolas.
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A empresa disse que houve redução dos preços internacionais de commodities e que, por isso, as exportações brasileiras de grãos foram reduzidas. Houve queda no volume transportado de soja (menos 17,8% contra um ano antes) e fertilizantes (menos 6,2%). Milho teve alta de 0,4%, enquanto açúcar registrou aumento de 3,3%; arroz, 28,6%; e farelo de soja, 69,5%.
Já em volumes industriais, houve alta de 1,8% contra um ano antes. Influenciou o aumento de 14,3% em cargas de madeira, papel e celulose e de 21% em contêineres. Mas houve queda de 9,3% em cargas siderúrgicas e de mineração, 50% em alimentos e de 29% em outras cargas.
O Ebitda consolidado subiu 0,9%, para R$ 508 milhões. Os custos dos bens e serviços somaram R$ 597,8 milhões, número 14,3% maior. Segundo a empresa, o aumento nesse item foi impulsionado principalmente pelo aumento de 36,4% no aluguel de material rodante, 10,8% na depreciação e amortização e o aumento de investimentos, entre outros motivos.
A despesa financeira líquida dos três meses subiu 25,7%, passando para R$ 305,1 milhões. Nas ferrovias, a ALL diz que o crescimento reflete principalmente o aumento dos juros, além do crescimento no saldo da dívida média quando comparado ao mesmo período de um ano antes e o aumento da inflação desde o ano passado.
Impulsiona a dívida da companhia o investimento nas ferrovias, que somou R$ 260,1 milhões no trimestre, 50% mais que um ano antes. Em 2014, já são R$ 810 milhões, 44% mais que um ano antes. Segundo a empresa, a projeção original de R$ 800 milhões em investimentos nas operações ferroviárias em 2014 será ultrapassada e, agora, deve ficar entre R$ 900 milhões e R$ 950 milhões.
As operações ferroviárias registraram lucro de R$ 28,4 milhões, queda de 62% contra um ano antes. A Brado, de movimentação de contêineres, teve lucro de R$ 9,3 milhões (35% mais na mesma comparação). A Ritmo, de transporte rodoviário, passou de prejuízo de R$ 100 mil um ano antes para lucro de 1,3 milhão.
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