O projeto executivo de restauro da Estação Ferroviária de Mairinque, elaborado pela empresa paulista Helena Ayoub Silva & Arquitetos Associados, da capital paulista, será apresentado à América Latina Logística (ALL) – que detém os direitos sobre a malha ferroviária da região – na segunda quinzena de maio. Durante o encontro, a arquiteta Helena Ayoub Silva, que com seu escritório venceu o concurso realizado pelo Governo do Estado e lhe rendeu um prêmio de R$ 400 mil, e o prefeito de Mairinque, Binho Merguizo (PMDB), deverão discutir com o superintende da ALL, Evandro Abreu de Souza, sobre a participação da empresa no projeto.
Em fevereiro, o prefeito da cidade conheceu todas as intervenções que a arquiteta e seus associados pretendem fazer no prédio histórico. Além da arquiteta Helena Ayoub Silva, participaram da apresentação do projeto no gabinete técnicos ligados ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e também representantes da Prefeitura ligados às áreas de obras e defesa do patrimônio histórico.
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Tanto o Condephaat como Helena Ayoub desconhecem o total de recursos financeiros necessário para a execução da empreitada. As intervenções incluem a recuperação de atributos ambientais e paisagísticos, novos pisos, vidraçaria, instalações hidráulicas e elétricas e equipamentos de acessibilidade.
Os arquitetos sugerem uma ampliação das escadarias de acesso à estação e, ainda, uma separação transparente entre os túneis de pedestre e de veículos. Está previsto, também, entre outras inovações, dois belvederes estratégicos, como mirantes ou terraços, que possam descortinar todo o panorama do monumento revitalizado. “O monumento terá acessos amplos e generosos que possibilitem ao visitante, mesmo os que chegam de carro à cidade, uma vista privilegiada da estação e de todo seu entorno. É importante que a visibilidade seja ampliada tanto para quem chegue pela Vila Sorocaba como para quem se situe na parte superior da cidade”, adiantou Helena.
Interação e cultura
O prefeito, na ocasião, elogiou o caráter “arrojado e interativo” do projeto. Nascido em Mairinque, Merguizo lembrou da sua condição de filho e neto de ferroviários para reiterar seu interesse na preservação desse monumento estilo Art-Nouveau, construído pelo arquiteto Victor Dubugras, sendo a primeira construção de concreto armado do País. “É importante que as novas gerações conheçam a importância histórica desse monumento. Isso só será possível com a interação, isto é, com a inclusão dos jovens dentro do espaço histórico, que é o que propõe esse projeto que nos foi oferecido pelos arquitetos”, avalia o prefeito.
Ele explica que a Estação precisa ganhar o status de referência e reflexo da identidade da cidade. “Quando Prefeitura e Condephaat se empenham na valorização desse patrimônio, o que queremos é preservar as marcas culturais do município, mapear as etapas, os avanços e as crises que marcaram o desenvolvimento da comunidade até os dias de hoje”, reiterou o prefeito.
Prefeitura e representantes do Condephaat começaram a desenvolver as primeiras estratégias para a captação de recursos a serem investidos na execução do projeto. A arquiteta Lara Melo Souza adiantou que dará apoio na intermediação junto ao governo do Estado na busca de verbas para a viabilização das obras. O chefe do Executivo já iniciou contatos com parlamentes e entidades ligadas ao governo federal, mas ainda não há novidades sobre a captação de recursos, segundo o Poder Público municipal.
A Estação
Primeira obra em concreto do Brasil, a Estação Ferroviária de Mairinque é patrimônio histórico tombado pelo Condephaat. Inaugurada no ano de 1906, foi construída em estilo Art-Nouveau pelo arquiteto Victor Dubugras. Tinha na época a função principal de ser o centro operacional da então Sorocabana Railway, que posteriormente viria a chamar-se Estrada de Ferro Sorocabana, pertencendo ao Governo do Estado de São Paulo. Desativada como estação ferroviária e já pertencendo ao município, o local atualmente funciona como importante centro cultural e espaço para realização de cursos ligados à arte.
Em 2013 foram realizadas obras de restauro e reparos de forma emergencial no local, por meio de um convênio firmado entre o município e o Ministério do Turismo, no valor de R$ 160 mil. Com supervisão do Condephaat, a Prefeitura providenciou as obras de restauro e impermeabilização da abóboda, substituição do telhado de zinco e das calhas e recolocação dos dutos de águas pluviais.
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