Financiamento para obra de metrô é teste para Odebrecht

A Odebrecht enfrenta um primeiro grande teste de sua capacidade de crédito depois da implicação da empresa e prisão do presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, na última sexta-feira, no âmbito da Operação Lava¬Jato.

Um sindicato de quatro bancos ¬ Citi, Deutsche, Mizuho e Tokio ¬ havia acordado, na semana passada, os termos de um financiamento de US$ 1,5 bilhão a ser dado para a construção da linha 2 do metrô do Panamá pela Construtora Norberto Odebrecht (CNO) e pela FCC Construcciones, da Espanha. O consórcio venceu a licitação em maio.

O Valor apurou que o andamento do financiamento foi congelado nesta semana. Ao menos uma das instituições levaria a operação ao seu comitê de crédito nesta semana e recuou temporariamente. Os bancos não cancelaram o financiamento, mas estão atônitos em busca de respostas sobre os riscos envolvidos no empréstimo no novo cenário. “É muito difícil aprovar essa operação agora, o comitê de crédito negaria imediatamente”, disse o executivo de um banco estrangeiro, lembrando que os padrões de aprovação se tornaram muito mais rigorosos nos últimos anos. “Agora é hora de respirar e fazer perguntas”, disse o executivo de outra instituição integrante do sindicato de bancos.

Os bancos e a Odebrecht estão em contato intenso. Ao mesmo tempo, os bancos esperam sinal do governo panamenho, na próxima semana, a respeito da validade do contrato de construção da linha 2.

O prazo do financiamento é de oito anos e tem garantia de recebíveis do governo do Panamá

Nesta semana a empresa Metro de Panama emitiu nota a respeito do caso em que afirma, sem citar o nome da Odebrecht, que “a situação ocorrida no Brasil com um integrante do consórcio ganhador da Linha 2 é um caso importante e negativo para a referida empresa, à qual compete dar as explicações necessárias”. O texto diz ainda que “O edital da licitação e a Lei 22 de Contratações estabelece de maneira clara as razões para desqualificação de um contratado, assim como as garantias e salvaguardas levais e financeiras do caso”.

O resultado da licitação saiu em 15 de maio e as obras estão previstas para começar em julho e durar até início de 2019. Ao todo, a linha tem 22 quilômetros de extensão, 16 estações e previsão de transportar 225 mil passageiros por dia útil. Os trens serão fornecidos pela fabricante francesa Alstom.

A CNO e a parceira FCC também foram responsáveis pela construção da linha 1 do metrô da capital panamenha.

Também estavam em andamento conversas da Odebrecht com bancos para financiar a construção de um gasoduto no Peru, para a qual a empresa ganhou licitação em julho do ano passado, que teve obras iniciadas em maio último e que prevê investimentos de mais de US$ 7 bilhões. Segundo uma fonte, foi mantida reunião nesta semana para discutir esse financiamento.

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