Os gastos com obras e aquisição de novos
equipamentos no setor de infraestrutura devem sofrer, neste ano, uma queda de
19% em relação ao que foi feito em 2014, e devem somar apenas R$ 106 bilhões.
Com isso, a participação do setor no PIB
(Produto Interno Bruto) cairá para 1,8%, o menor patamar desde 2011 e abaixo da
média da década passada. É o que aponta relatório da Inter B. Consultoria,
obtido pela Folha.
As quedas mais graves previstas são proporcionalmente
mais significativa nos setores de telecomunicações e aeroportos, com redução
estimada na casa dos 30%. Outros setores que devem registrar forte perda são os
de rodovias, com queda de 27%, e mobilidade urbana (20%).
No setor de energia elétrica, a queda seria de
9%, próxima a dos setores de portos (8%), saneamento (10%) e ferroviário (11%).
Somente o setor de hidrovias teria um aumento (58%), mas o valor dos
investimentos nesse setor é baixo e não passaria de R$ 1 bilhão no ano. A
consultoria não considera o setor de petróleo e gás nessa estimativa.
Os números foram consultados junto a
orçamentos públicos e planos de investimentos de companhias do setor. A queda é
atribuída ao ajuste das contas públicas que os governos, que participam com
cerca de metade dos investimentos realizados nesses setores, estão realizando.
Na medida em que o investimento por
definição é ‘uma aposta no futuro’, e sendo os ativos de infraestrutura de
longa duração, o elemento de incerteza cobra um prêmio e leva ao retraimento
dos investimentos, informa o documento.
Os investimentos em infraestrutura em geral
são considerados um forte impulsionador do crescimento econômico porque geram
estímulos para outros setores.
O estudo mostra que o investimento em
infraestrutura vinha crescendo sua participação no PIB, saindo da média de
2,12% na década passada para 2,18% (2011), 2,27% (2013) e 2,37% (2013). No ano
passado, contudo, o valor ficou estagnado porque os gastos de estatais e dos
governos praticamente não cresceram. Já o das empresas privadas subiu 12%.
O relatório foi elaborado antes do lançamento
pela presidente Dilma Rousseff da nova etapa do Plano de Investimento em
Logística, realizado na terçafeira (9).
O plano prevê investimentos de R$ 198 bilhões
em ferrovias, rodovias, portos e aeroportos que vão ser concedidas, sendo R$ 70
bilhões até 2018. A consultoria, no entanto, não pretende rever seus números
por considerar que os investimentos previstos no programa são para os anos
seguintes e teriam efeito apenas marginal em 2015.
O estudo aponta que, para que os investimentos
cresçam são necessários mais que os planos que o governo vem lançando.
Muito do que se requer é mais bom senso
econômico, menos voluntarismo, e a disposição de defender o setor frente às
barganhas políticas que levam a investimentos de elevados custos e má
qualidade, agências regulatórias fragilizadas (quando não capturadas) e
dificuldade de atrair recursos privados de qualidade para financiar e investir
no setor, relata o trabalho.
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