Grupo brasileiro vê chance de negócios no Panamá

Há uma década de olho nos projetos de concessão no país, o grupo Odebrecht acredita que o Panamá ainda trará boas oportunidades de investimento na área de infraestrutura. A reforma em curso no famoso canal, passagem tradicional de navios, e o crescimento do país podem despertar o interesse da construtora brasileira em alguns ativos que, em sua opinião, serão necessários para atender à demanda local.

Em entrevista ao Valor, André Rebello, diretor¬superintendente da Odebrecht Infraestrutura América Latina no país, disse que a cada ano a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Panamá sustenta os ativos conquistados pela empresa e aumenta sua importância dentro do grupo. No ano passado, o país respondeu por 19% da receita da companhia, em específico, ou 6% quando considerada a Construtora Norberto Odebrecht, no Brasil, e a operação na Venezuela. A receita bruta da construtora no mundo todo foi de R$ 33,1 bilhões em 2014. “Tenho observado que há espaço para investimentos do setor privado ou em parcerias com o poder público”, comentou o executivo. “Em energia, há uma demanda importante no país e também avaliamos atividades de transporte, seja em autopistas ou em portos. Temos consciência que assim que se termine a ampliação do canal, haverá nova procura por serviços marítimos.”

Recentemente, a Odebrecht levou a concessão da segunda linha do metrô da capital panamenha, em parceria com a espanhola FCC. A linha 1 já havia sido construída pelas mesmas empresas e, agora, o grupo brasileiro espera estudos de viabilidade e o edital para uma possível nova linha que complete as necessidades de transporte metroviário na Cidade do Panamá, afirmou o diretor. “A previsão é que essa nova linha [a terceira] vá conectar cidadessatélite à capital e, além de metrô, pode ser feita para trem de aproximação ou em formato de monotrilho”, disse.

No caso da linha 2, a obra civil ficará a cargo do consórcio, mas a operação é estatal. Rebello lembrou também que o financiamento veio de bancos internacionais, junção de europeus, americanos e japoneses, sem recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A ideia da Odebrecht é se consolidar como uma empresa de fato panamenha, visto que o mercado é o mais importante para o grupo na América Central. Dos cerca de 11 mil funcionários no país, 96% já são mão de obra local ¬ “inclusive em cargos estratégicos”, disse Rebello. Além do Panamá, a construtora está presente na Guatemala, na República Dominicana e em Cuba. “Os principais motores da economia no país são as áreas de transportes e telecomunicações. Há também um forte setor de construção, de infraestrutura, que aumenta sua competitividade”, declarou.

Agora a companhia terá de testar o novo governo do país. O empresário Juan Carlos Varela, do Partido Panameñista, assumiu há menos de um ano e o momento atual, segundo Rebello, é de “adaptação e reconhecimento”. Mas o executivo admite que as gestões da presidência local têm tido atuação produtiva para garantir o forte crescimento da economia ¬ na ordem de 7% ao ano. “A relação é saudável com o governo e depende muito do ministério, da estatal, da autarquia, por exemplo”, afirmou.

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