Aportes devem somar R$ 32 bi até 2018, prevê especialista

Os aportes em obras de infraestrutura no País devem girar em torno de R$ 32 bilhões até 2018, menos da metade dos R$ 69,2 bilhões previstos até a data pelo governo federal, dentro do Programa de Investimento em Logística (PIL), cuja nova etapa foi lançada em junho deste ano. A estimativa é do economista Frederico Estrella, diretor de Investimentos e Negócios da Tendências, com base no atual cenário de retração econômica e discussões sobre os rumos do ajuste fiscal. O especialista abordou o tema durante palestra na Associação Comercial de Minas (ACMinas).

Segundo ele, o governo está sem dinheiro e “há um sentimento de cautela por parte dos empresários e investidores em geral em relação aos próximos anos”. O total de investimentos previstos para as empresas vencedoras dos leilões, dentro do PIL II, são da ordem de R$ 198,4 bilhões, sendo R$ 129,2 bilhões a partir de 2019.

De acordo com Estrella, apesar do montante não ser o esperado até 2018, ele é significativo, principalmente porque a implantação do plano voltado para logística está na pauta de discussões há duas décadas. Ele acrescenta que o PIL II é um avanço em relação ao primeiro programa, pois apresenta melhor modelo de leilões e concessões em alguns setores, como ferrovias e portos. Mas enfatiza que os segmentos com perspectivas mais positivas são os de rodovias e aeroportos.

Facilidade ¬ No caso das estradas, com montante previsto de R$ 66,1 bilhões dentro do PIL II, é mais fácil obter sucesso, pois trata¬se de um segmento conhecido pelos investidores, diz Estrella. Porém, ele ressalta que, diante do cenário de retração econômica no País, o governo não tem capacidade de investir nesse segmento no momento e que as concessionárias precisam de investimentos amplos para superação dos gargalos.

Segundo o economista, em se tratando de aeroportos, houve melhora no sentido modal, o que traz boas perspectivas para os próximos anos. Ele destacou ainda a redução da participação da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) na concessão dos aeroportos de 49% para 15%.

Em termos de ferrovias, com investimentos previstos de R$ 86,4 bilhões no PIL II, Estrella destaca que há uma polêmica em torno da viabilidade econômica. o caso do trecho brasileiro da Ferrovia Bioceânica, que interligará o Centro¬Oeste e o Norte do Brasil ao Peru.

“Desviar cargas do Norte, fronteira agrícola, para escoar no Peru é a melhor direção a ser tomada? Não tem nada a ver com questão técnica. Trata¬se de um projeto emblemático. Economicamente, não é a melhor situação no momento”. Ainda conforme ele, é importante investir em ferrovias para que as empresas movimentem suas cargas de forma mais barata e aumentem a competitividade.

Para o economista, os investimentos mais pesados em ferrovias, se viabilizados, devem ser feitos em um horizonte mais longo. Ele explicou que essa iniciativa abre novas oportunidades para participação de empresas menores em concessões públicas.

Sobre portos, Estrella ressaltou que os conflitos entre operadores de terminais privados e terminais públicos, existentes no PIL I, ainda não foram sanados. O economista disse ainda que a aposta em portos privados é um fator positivo e relevante dentro da perspectiva de investimentos do PIL II.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*