Presidente da Cosan pede respaldo político para assegurar investimento

Um dos únicos empresários a elogiar publicamente a presidente Dilma Rousseff, o presidente do conselho de administração do grupo Cosan, Rubens Ometto, adotou um discurso mais cauteloso. Ao falar ontem sobre investimento no porto de Santos (SP), por onde a Cosan escoa a produção de açúcar, disse que os empresários estão prontos para investir, “mas é necessário um respaldo político para dar segurança ao investimento. Precisamos que os caminhos fluam, transpor as barreiras burocráticas”. Segundo Ometto, a cada dia que passa a “janela de oportunidades” está mais restrita e os recursos mais escassos e caros. As manifestações foram feitas a uma plateia de empresários e autoridades sobre desafios do porto de Santos, na cidade paulista.

O grupo Cosan controla, via a empresa Rumo, três armazéns arrendados no porto de Santos para movimentação e embarque de açúcar. E pretende integrar as áreas para fazer um megaterminal para escoamento da commodity. Atualmente, aguarda do governo a aprovação ao pedido de renovação antecipada do prazo dessas instalações para deslanchar os investimentos.

Ometto destacou avanços do governo no setor, mas sem citar nomes. Elogiou a nova Lei dos Portos, de 2013, de autoria do Planalto, que tem o condão de aumentar a capacidade portuária via investimento privado; citou avanços na gestão Codesp, a estatal que administra o porto; e elogiou os “esforços” da Antaq (agência reguladora do setor) em tentar “harmonizar” as demandas dos usuários – os donos de cargas – com as das empresas operadoras (os terminais portuários). Mas sua fala deixou claro que, apesar dos avanços, as ações práticas que cabem ao governo estão deixando a desejar.

“O fato concreto é que o porto de Santos passa por desafios muito importantes. Os acessos terrestres e marítimos estão estrangulados e isso cria gargalos para as exportações, o que aumenta os custos dos nossos produtos e reduz a competitividade”, disse.

A nova dragagem do porto, em contratação pela Secretaria de Portos, ainda não foi assinada. E o porto carece de novas alternativas viárias para a chegada de cargas por terra.

Com a fusão entre a Rumo e a concessionária ferroviária ALL, a Cosan planeja duplicar o acesso aos terminais do porto nos próximos anos. “Queremos realizar o maior projeto de logística deste país”, disse Ometto.

O executivo também elogiou o pacote de concessões logísticas lançado pelo governo em junho, que prevê, só para ferrovia, R$ 86 bilhões. Mas ponderou que, em alguns casos, seria melhor priorizar investimento na malha já existente do que apostar em projetos do zero.

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