Preço do aço na China cai ao menor nível desde 2004

A menor produção de aço nas siderúrgicas chinesas, em outubro, não conteve a queda dos preços do insumo, que encerraram a semana em Xangai no menor nível desde agosto de 2004. A desvalorização dos aços tipo vergalhões (uso na construção civil e infraestrutura) pesou no mercado de minério de ferro, que na semana passada perdeu mais de 6% em valor nos negócios fechados no porto de Qingdao, um dos que mais movimentam a commodity no mercado chinês.

Na sexta-feira, indicou a publicação “Metal Bulletin”, a cotação do minério em Qingdao caiu 1,2%, ou US$ 0,53, para US$ 44,91 a tonelada, frente a US$ 45,44 no dia anterior. No encerramento dos negócios na segunda-feira passada, a tonelada da commodity valia US$ 47,74, depois da perda de 1,7% verificada ao longo do dia. A cotação considera teor de ferro de 62%.

Conforme a “Metal Bulletin”, a tendência de baixa no mercado de vergalhões permanece no mercado asiático, o que pressiona as cotações do minério. Em Xangai, a tonelada de aço caiu abaixo de US$ 282 ao longo de sexta-feira, encerrando a semana no intervalo de US$ 279 a US$ 283 a tonelada, o mais baixo desde agosto de 2004 em moeda local.

Os baixos preços do aço, informa a publicação, levaram uma série de siderúrgicas a pedir a redução dos prêmios do minério de ferro em operações indexadas que foram celebradas nos últimos dias. Um trader de Xangai disse que as usinas estão esperando que os preços da commodity caiam ainda mais para voltar às compras.

Ao mesmo tempo, a sobreofetra de aço ao redor do mundo e a desaceleração de importantes economias seguem pressionando a produção das siderúrgicas. Em outubro, o volume global de aço bruto, considerando-se os 66 países que informam seus dados à Worldsteel, entidade que reúne as 170 principais fabricantes do produto no mundo, totalizou 133,64 milhões de toneladas, um recuo de 3,1% na comparação anual. Frente a setembro, porém, houve crescimento de cerca de 2,3%.

Novamente, o desempenho da siderurgia global foi influenciado pela redução dos volumes produzidos na China e pelos Estados Unidos. No acumulado do ano, até outubro, a produção global de aço bruto ficou em 1,35 bilhão de toneladas, 2,5% abaixo do volume registrado em igual intervalo de 2014. A taxa de utilização da capacidade instalada das usinas ficou em 68,3%, com queda de um ponto percentual ante setembro e de 3,4 pontos percentuais frente a outubro do ano passado.

Na China, maior produtora de aço mundial, com cerca de 50% do total, o volume do mês foi de 66,1 milhões de toneladas, 3,1% abaixo do que havia feito um ano antes. No acumulado dos dez meses, a queda foi de 2,2%, para 675 milhões de toneladas.

O excesso de oferta de capacidade de aço no mundo, segundo apontam entidades, tem endereço principal na China – cerca de dois terços das 700 milhões de toneladas. E a preocupação aumenta com novas capacidade que devem entrar a partir de 2016, em especial de usinas chinesas.

Com a retração na economia local, o temor é que continue ainda mais desovando material via exportações. Estima-se que já superaram a maca de 100 milhões de toneladas em valores anualizados – três vezes o volume que o Brasil produz por ano.

Em meados de outubro, durante o congresso anual realizado em Chicago (EUA), a Worldsteel anunciou a revisão, para baixo, das expectativas para o mercado global de aço em 2015 e 2016, principalmente por causa da desaceleração da economia da China. Agora, a entidade trabalha com previsão de queda de 1,7% na demanda neste ano, para 1,51 bilhão de toneladas, frente a estimativa anterior de alta de 0,5%. Para 2016, a associação projeta crescimento de 0,7% no consumo mundial, para 1,52 bilhão de toneladas. Em abril, estimava-se uma expansão de 1,4% em 2016.

O ritmo da oferta teve variações em outros países. No Japão, por exemplo, caiu 3,8%, a 9 milhões de toneladas na comparação anual. Na Coreia do Sul também recuou, 5,6%, para 5,83 milhões de toneladas, conforme a Worldsteel. Já a Índia ampliou o volume em 4,9%, indo a 7,5 milhões de toneladas.

Na União Europeia, a Alemanha cresceu 2,7%, enquanto mostraram retração a Itália (menos 8,6%) e França (20,9%). Já os Estados Unidos ficaram em 6,7 milhões de toneladas, com retração de 8,8% na comparação anual.

No Brasil, onde se verifica parada de usinas, a produção foi de 3 milhões de toneladas, menos 2,3% em base anual.

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