CSN recebe dez propostas pelo Tecon, no RJ

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) recebeu dez propostas de empresas interessadas em comprar o Sepetiba Tecon, o terminal de contêineres que o grupo explora no porto de Itaguaí (RJ). Todas são para aquisição integral do ativo.

Fizeram ofertas não vinculantes (a proposta pode ser alterada e ajustada) a gigante mundial de operação portuária PSA, de Cingapura, a chilena SAAM, Wilson Sons, LOGZ, entre outras, apurou o Valor. Procurada, a companhia siderúrgica não se pronunciou.

O próximo passo é a CSN selecionar as três melhores propostas para que os interessados apresentem as ofertas firmes, o que deve ocorrer entre o fim deste mês e o início de fevereiro. Uma fonte próxima às negociações disse que os bancos contratados para buscar interessados ficaram surpresos com o alto número de propostas, pois há ativos de infraestrutura que sequer recebem ofertas ou, quando recebem, são poucas.

O Sepetiba Tecon foi avaliado entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão por uma empresa especializada contratada pela siderúrgica do empresário Benjamin Steinbruch, que acompanha de perto o processo de venda.

Os valores levam em conta que o contrato de arrendamento do terminal será renovado pelo governo por mais 25 anos, processo em análise na Secretaria de Portos (SEP). A pasta entende que a prorrogação antecipada de contratos vigentes é a forma mais rápida de viabilizar investimentos nos portos públicos.

A venda integra um esforço da CSN para reduzir seu pesado endividamento. Além do terminal de contêineres foram colocadas à venda participações em duas hidrelétricas, a fatia de 17% no capital total da Usiminas e as ações excedentes da ferrovia MRS Logística. Os bancos Goldman Sachs, Credit Suisse, Bradesco e Banco do Brasil foram contratados para negociar os ativos da companhia.

A dívida líquida da CSN fechou o terceiro trimestre de 2015 ­ último balanço disponível ­ em R$ 23,4 bilhões e a alavancagem do grupo vem crescendo. A relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado subiu para 6,6 vezes, ante 3,2 vezes na mesma base de 2014.

O terminal é considerado estratégico. Não tem restrição de calado, o que aguça o interesse de operadores que sofrem com dragagens mal feitas ou cujas licitações estão judicializadas ­ as dragagens em portos públicos são contratadas pelo governo federal.

Outro benefício do Sepetiba Tecon é que ele está afastado da área urbana, diferentemente do porto do Rio de Janeiro, onde há um problema adicional: restrições do canal de navegação que limitam o tamanho dos navios permitidos para entrar no porto.

O Sepetiba Tecon tem 400 mil metros quadrados e 810 metros de cais. Tem capacidade anual para movimentar 650 mil Teus (contêiner padrão de 20 pés). Em 2014, escoou cerca de 247 mil Teus, queda de 30% sobre o exercício anterior.

Apesar da crise econômica, que afeta os volumes de cargas, os empreendedores entendem que investir no setor portuário é uma aposta de longo prazo. A crise não vai durar para sempre e os volumes de contêineres no Brasil ainda são muito pequenos, vão crescer. É necessário ter portos modernos, diz um dos interessados no terminal.

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