Empresários recorrem a Nelson Barbosa

A peregrinação pelos gabinetes da equipe econômica — comum entre empresários no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff e que praticamente desapareceu durante o ano em que Joaquim Levy esteve à frente do Ministério da Fazenda — voltou a ocorrer com a chegada de Nelson Barbosa. Aliviados com a saída de Levy e com a possibilidade de retorno a uma política de incentivo ao crescimento, os empresários voltaram a engrossar a fila de pedidos em Brasília. Ontem foi a vez do presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello, bater à porta de Barbosa. Uma das demandas do setor é o aumento do imposto de importação de aço para ajudar a proteger a indústria nacional dos produtos estrangeiros, mais baratos. Outra é o ressarcimento de impostos para o aço exportado.

— Não queremos subsídio. O ressarcimento de tributos cumulativos ao longo da cadeia produtiva é fundamental para que nossas exportações recuperem competitividade — disse Marco Polo, citando uma onda protecionista no mundo.

Ontem, Irã e África do Sul anunciaram taxação para o aço importado, e o governo americano aprovou uma taxa de 7% para a importação de aços planos, o que afeta diretamente empresas brasileiras como a CSN. Ainda na época de Levy, o governo brasileiro acenou com a possibilidade de criar um imposto de importação de produtos siderúrgicos, mas temia os impactos de uma medida como essa sobre a competitividade. O argumento era que há vários atores do setor produtivo que se beneficiaram da entrada do aço importado mais barato. Barbosa também vê o aumento do imposto de importação com reservas.

Pleito antigo ainda no papel

Nessa semana, Luiz Moan, presidente da Anfavea, que reúne as fabricantes de veículos, também cumpriu o itinerário obrigatório. Conhecido pelas idas quase semanais à capital federal durante a gestão de Guido Mantega na Fazenda no primeiro mandato, ele se reuniu na segunda-feira com Barbosa e o ministro do Planejamento, Valdir Simão, para tentar mostrar ao governo a necessidade de mais incentivos ao setor, que estima uma retração de 7,5% nas vendas internas em 2016.

Moan defende um pleito antigo: a criação de um programa de renovação de frota, que facilitaria a compra de carros novos por quem tem veículos com mais de 20 anos. Barbosa recebeu o empresário, mas deixou claro que tem ressalvas e que não há, no momento, espaço fiscal para nenhum tipo de projeto que implique em gasto com subsídios ou equalizações.

Apontada como um dos setores que terão atenção especial no próximo pacote de medidas a serem anunciadas, representantes da construção civil também devem ir a Brasília nas próximas semanas para negociar com a equipe econômica meios de reverter a forte desaceleração no segmento. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), José Carlos Martins, garante que o diálogo com Levy era bom, apesar da preocupação constante do ex-chefe da pasta com o ajuste fiscal:

— Seria injusto dizer que não tivemos (a CBIC e Levy) um bom diálogo. Mas logicamente que, com o ministro Barbosa, já tivemos um contato antigo, até pelo maior tempo dele no governo.

Segundo Martins, nas próximas semanas, o setor deve fechar com o ministério uma agenda para viabilizar a retomada do setor, que perdeu aproximadamente 500 mil vagas em 2015. Entre as demandas estão, por exemplo, a agilização de concessões de parcerias público-privadas (PPPs), o lançamento “o quanto antes” da fase 3 do Minha Casa, Minha Vida, o pagamento dos atrasados de obras já executadas (cerca de R$ 7 bilhões) e novas fontes de financiamento para habitação.

Barbosa busca forma de estimular economia sem elevar subsídios

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