A colisão frontal entre dois três que matou dez pessoas perto de Bad Aibling, no sul da Alemanha, nesta terça-feira (09/02) abalou a confiança das pessoas no transporte ferroviário e fez com que vários políticos prontamente expressassem sua tristeza e espanto. O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviaram mensagens de condolência.
“Eu lamento esta perda trágica de vidas humanas no acidente de trem no sul da Alemanha”, disse a comissária de Transporte da União Europeia (UE), Violeta Bulc.
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Apesar da tragédia, de modo geral, o transporte ferroviário pode ser considerado seguro. Conforme dados da UE, entre 1990 e 2012, o número de acidentes de trem caiu 70% no bloco europeu e vem diminuindo a cada ano.
No entanto, existe margem para aperfeiçoamento. Atualmente, não há um sistema europeu unificado no qual os trens respondem aos mesmos sinais. Por exemplo, como exatamente os trens param quando o sistema de freio não funciona é algo que varia de país para país – uma questão que talvez tenha sido relevante no caso de Bad Aibling. Historicamente os sistemas de transporte foram desenvolvidos em cada país, sem uma base no âmbito da União Europeia.
O bloco tem como objetivo colocar as malhas ferroviárias de cada país sob uma única estrutura de coordenação, para que viagens de trem sejam igualmente seguras em todos os países-membros. É para isto que o Sistema Europeu de Controle de Trens (ETCS, na sigla em inglês) está sendo desenvolvido.
Software acessível
A intenção é que o ETCS substitua vários sistemas de segurança incompatíveis que operam na UE, especialmente em linhas de alta velocidade. O sistema lida com sinalização e proteção do trem, entre outras questões.
A ideia básica de um sistema comum para trens e ferrovias tem sido discutida há décadas. As especificações impulsionadas pelo ETCS são acatadas em toda Europa, mas existem várias ressalvas nacionais para diretrizes individuais. Integrar todas essas ressalvas num único padrão a ser seguido por todos os trens – de Roma a Estocolmo e de Lisboa a Bucareste – é um trabalho que está em curso, mas bastante difícil.
Um dos envolvidos no desafio é o Instituto Fraunhofer para Sistemas de Comunicação Aberta (FOKUS). Pesquisadores da entidade estão em busca da certificação de um software aberto para ETCS, desenvolvido pela Deutsche Bahn.
O openETCS deverá deixar os custos de implementação do sistema mais baratos. Até o momento, não há trens equipados com ETCS que preencham todas as regras de todas as redes ferroviárias europeias. Os desenvolvedores do software gratuito são instalados em todos os trens que estão sendo construídos.
Acidentes recentes na Europa
O objetivo do ETCS é evitar o maior número possível de acidentes nas ferrovias europeias, que foram palco de vários desastres ferroviários com mortes nos últimos anos.
O pior acidente de trem na história recente da Alemanha aconteceu no dia 3 de junho de 1998, em Eschede, no norte do país, onde um trem descarrilou devido à uma roda quebrada. O trem saiu dos trilhos a uma velocidade de 200 quilômetros por hora e deixou 101 mortos.
Em 6 de fevereiro de 2000, um trem que viajava da Basileia, na Suíça, para Amsterdã descarrilou na cidade de Brühl, no oeste da Alemanha. Nove pessoas morreram, e quase 150 ficaram feridas.
Na cidade espanhola de Chinchilla, 19 pessoas morreram quando um trem de passageiros colidiu com um trem de carga no dia 3 de junho de 2003.
Mais recentemente, um trem descarrilou, no dia 24 de julho de 2013, em Santiago de Compostela, no norte da Espanha, deixando 79 mortos. Mais da metade das 222 pessoas a bordo ficou ferida quando o trem saiu dos trilhos a uma velocidade maior do que o dobro da permitida – de 80 quilômetros por hora.
No descarrilamento na Espanha, o maquinista foi condenado por homicídio devido à negligência profissional. As causas do acidente de Bad Aibling ainda estão sendo investigadas.
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