Agências consideram pacote nocivo

A Fitch Ratings afirmou que as medidas de estímulo ao crédito anunciadas na semana passada pelo governo provavelmente não ajudarão a melhorar substancialmente as perspectivas de crescimento para o Brasil e lembrou que o governo ainda precisa tomar ações para viabilizar o cumprimento da meta fiscal este ano.

Já a Moody’s considera que as medidas para estimular o crédito terão efeitos negativos para os bancos públicos. Em relatório, a agência afirma que haverá um incentivo para que os bancos façam empréstimos com mais riscos de inadimplência, em um ambiente de recessão econômica, inflação alta e aumento do desemprego, que estão diminuindo a capacidade de pagamento dos clientes.

Os bancos mais afetados seriam o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Caixa. Ambos têm notas de crédito que estão em revisão para rebaixamento.

Em relatório publicado ontem, a Fitch lembrou que a perspectiva negativa ao rating do Brasil, atualmente em BB+, reflete o risco de o cenário fiscal e político e a recessão econômica pressionarem ainda mais a dinâmica da dívida do governo, questão chave para a avaliação da nota soberana.

A Fitch afirmou também que o resultado fiscal de 2015 e os planos para estimular a economia ressaltam o principal desafio de estabilizar a dinâmica da dívida pública durante uma recessão que prossegue em 2016. Este será, na avaliação da agência, outro ano difícil para as finanças públicas, já que os ambientes políticos e econômicos não estão ajudando a proporcionar uma consolidação fiscal rápida.

Sobre o estímulo de R$ 83 bilhões ao crédito pelos bancos públicos anunciado na semana passada, a Fitch afirmou que a medida dificilmente melhorará substancialmente as perspectivas de crescimento do Brasil já que a demanda por recursos continua baixa e os bancos ainda estão restritivos. A agência também afirmou que expansões anteriores do crédito via bancos públicos resultaram em crescimento limitado e avaliou que esse tipo de medida pode até deteriorar a confiança econômica.

O Brasil também foi citado em outro relatório da Fitch divulgado ontem, no qual a agência avalia os impactos da desaceleração brusca da China. Nesse cenário, o Brasil seria impactado negativamente pelo canal comercial, pelos preços das commodities, oscilações na confiança e nos fluxos de capital.

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