Mineradoras estão mais fortes para fase de preço baixo

As empresas perceberam que o cenário é obscuro para o minério de ferro por mais tempo do que se esperava e estão hoje mais protegidas do antes, opina a CreditSights em relatório. Com colchões ou gatilhos de liquidez e programas de eficiência já montados, as chamadas “Big 4” (Vale, BHP, Rio Tinto e Fortescue) terão mais condições de atravessar esse período de desvalorização da commodity, diz o texto.

Os analistas de dívida corporativa Wen Li e Mark Cheok lembram que as mineradoras já divulgaram cortes no nível de dividendos distribuídos, reduziram o patamar de investimentos e estão buscando a venda de ativos não estratégicos. Esses, acrescentam, são instrumentos que podem garantir recursos para honrar obrigações financeiras no curto prazo.

No longo prazo, a instituição enxerga uma retomada dos preços do minério. A dupla de analistas vê como improvável a tentativa de expandir operações pelos próximos anos, com as grandes somas de despesas que foram necessárias para Carajás, no Pará, e Pilbara, na Austrália Ocidental. Com isso e a saída de produtores com maiores custos, o mercado transoceânico poderá chegar ao equilíbrio entre oferta e demanda.

“Além de Roy Hill e do S11D, não vemos nenhum grande projeto de minério de ferro aparecendo no horizonte em muitos anos”, afirmam Li e Cheok. “Parece que tanto Fortescue Metals Group como BHP e Rio Tinto já estão próximos de ou já atingiram o topo em termos de crescimento da capacidade. Ao mesmo tempo, a Anglo American ajusta sua operação e até considera se desfazer da produção de minério de uma vez.”

Se a demanda chinesa se enfraquecer demais e a oferta ainda não estiver ajustada para esse novo ambiente de negócios, a CreditSights acredita que as mineradoras terão maior disciplina. Até agora, nenhuma das companhias considerou segurar os volumes produzidos para tentar estancar a desabada dos preços, mas isso pode mudar no futuro.

Apesar de o minério ter sofrido desvalorização de 57,5% desde o início de 2014, as empresas seguiram com investimentos para expansão de capacidade. O S11D ainda não começou a funcionar, mas a Vale já bateu seu recorde histórico de produção em 2015. “Acreditamos que o objetivo principal das ‘Big 4’ é tirar as produtoras de alto custo do mercado e então se beneficiar da recuperação do mercado em um setor mais concentrado”, opina a casa de análise.

Nas contas da corretora americana Stifel Nicolaus, apenas 9% das operações de extração do minério hoje em dia dão prejuízo. Enquanto isso, o mercado transoceânico ficou mais do que nunca nas mãos das quatro principais exportadoras – de 66% em 2013 para 76% no ano passado e a previsão é que a concentração aumente mais.

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