O novo plano de concessões de infraestrutura do governo se
pautará pelo realismo econômico e pelo repúdio ao vaivém de regras adotado na
gestão da presidente afastada Dilma Rousseff.
A garantia é do secretário-executivo do Programa de
Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, que demonstra cautela com o
anúncio de novas modalidades de financiamento e com o lançamento dos primeiros
editais de leilões. Tem que sair redondinho. O lema é ir devagar para
andar depressa, avisa o ex-ministro.
Moreira faz questão de destacar como a tomada de decisões do
PPI será fundamentada tecnicamente. Comandado pelo próprio presidente interino
Michel Temer, o conselho do programa terá como ponto de partida uma nota
técnica formulada pela agência reguladora de cada área – por exemplo, a Anac no
caso de aeroportos. O ministro responsável por essa área, então, apresentará
seu voto e será seguido pelos demais participantes.
Isso é justamente para evitar o que ocorria no
passado, diz Moreira. A Casa Civil, desde que foi chefiada pela
presidente Dilma, passou a ter um papel excessivo de centralização. Isso inibia
agências e fragilizava os ministérios.
A ordem agora, segundo o ex-ministro, é mudar radicalmente o
estilo de gestão. Queremos restabelecer a força da máquina
administrativa. O exercício do contraditório é fundamental na vida política,
nas discussões intelectuais, no processo decisório da administração pública.
Isso é crucial para que as pessoas se sintam tecnicamente seguras, as soluções
sejam mais meditadas e a margem de risco seja menor. Quando você percorre esse
caminho, acaba evitando mudanças por atropelo.
Na avaliação do secretário, os primeiros sinais de
recuperação da economia começam a aparecer. O nível de confiança mudou da
água para o vinho. Em que pese o impeachment trazer na essência um fator de
instabilidade, pelo prazo que tem, o presidente Temer vem atuando no pleno
exercício da função. As iniciativas que estão sendo tomadas reanimaram interna
e externamente. Não é uma conversa despida de base empírica. As pesquisas
demonstram exatamente isso. Antes não se via nem sequer o túnel, quanto mais a
luz no fim dele, disse o ministro.
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